Liz Alderman - NYT
AP Photo/Petros Karadjias
Mais de mil bancários cipriotas protestaram na última quinta-feira (4) para pedir a proteção de seus fundos de pensão e empregos, sob ameaça com a crise financeira do Chipre
AP Photo/Petros Karadjias
Mais de mil bancários cipriotas protestaram na última quinta-feira (4) para pedir a proteção de seus fundos de pensão e empregos, sob ameaça com a crise financeira do Chipre
Depois de um mês caótico em que o Chipre foi empurrado para a beira da inadimplência e de uma possível saída da zona do euro, os cipriotas sabiam que as coisas ficariam ruins. Mas não tão ruins. De acordo com uma avaliação sombria divulgada na última quinta-feira (11) por seus parceiros europeus, a economia do Chipre vai cair numa espiral descendente pelo menos pelos próximos dois anos, contraindo-se até 12,5% ao londo do período à medida que o país reduz seu setor bancário perigosamente descomunal que havia inflado mais de cinco vezes o produto interno bruto.
E como a economia ficará pior do que o esperado, o Chipre logo deverá levantar 13 bilhões de euros – quase o dobro do montante que o governo pensou que teria de angariar há apenas um mês –, a fim de evitar que sua dívida e déficit saiam fora do controle e de manter o resgate internacional de de 10 bilhões de euros garantido no mês passado pelo presidente recém-eleito, Nicos Anastasiades.
A redução do crescimento significa que os déficits orçamentários do país tendem a crescer, então ele precisará levantar mais dinheiro para mantê-los alinhados com os termos do resgate. Como o governo se comprometeu também a melhorar a saúde de seus bancos, ele também deverá gerar mais fundos para garantir que os bancos tenham capital adequado – especialmente se as perdas derem início a uma bola de neve à medida que a economia cai.
"No curto prazo, a perspectiva econômica permanece desafiadora", afirmou a Comissão Européia no relatório, que detalha as condições que o governo cipriota acordou a fim de obter a salvação financeira da chamada troika, composta pelo Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a comissão.
Os cofres do Chipre secaram à medida que o país luta para evitar que seus bancos cambaleantes entrem em colapso. Na terça-feira, o ministro das Finanças recém-nomeado, Harris Georgiades, disse que sem o pacote de resgate, os fundos públicos teriam acabado até o fim de abril.
O Chipre está tão amarrado que concordou em vender algumas das jóias da família para levantar dinheiro. A principal delas é o excesso de reservas de ouro em posse do banco central. Na primeira venda desse tipo por parte de um banco central da zona do euro, o Chipre já concordou em vender 400 milhões de euros em ouro, ou cerca de 10 toneladas de seu estoque de 13 toneladas.
O que é mais, um ninho de vespas de tensão geopolítica pode surgir à medida que o Chipre concorda com seus credores internacionais em explorar jazidas de gás não desenvolvidas, encontradas em suas águas. A esperança, tal como descrita na avaliação da comissão, é de que os rendimentos sejam usados para manter a dívida do Chipre sob controle enquanto a economia cai.
Mas a Turquia, que ocupa o norte de Chipre, já contestou no mês passado qualquer movimento da ilha para acelerar a exploração, especialmente se isso significar o envolvimento russo. A Turquia advertiu que pode "agir contra tais iniciativas, se for necessário". Nesse meio tempo, a Comissão descreveu um futuro sombrio para o Chipre, pelo menos no curto prazo.
A nação foi obrigada a integrar parte de sua segunda maior instituição financeira, o Laiki Bank, também conhecido como Banco Popular do Chipre, ao Banco de Chipre, maior, sob os termos do pacote de resgate. Inúmeras empresas de todos os tamanhos provavelmente irão à falência à medida que os bancos cortam a emissão de crédito. Outros negócios lucrativos que se alimentavam do setor de serviços financeiros inflado do Chipre também podem sofrer. Os preços dos imóveis, que já começaram a cair enquanto a bolha da construção estoura, devem se deteriorar ainda mais.
As empresas registradas em Chipre, mesmo como um simples endereço postal, deverão provavelmente procurar outro lugar à medida que o imposto corporativo aumenta de 10% para 12,5%. Este ainda é o mais baixo da zona euro, ao lado de Irlanda, mas ele retira um grande atrativo da ilha.
Enquanto isso, continuou a comissão em seu relatório, as pessoas e empresas que detinham depósitos não segurados nos dois maiores bancos verão uma "perda de riqueza" à medida que o governo toma a medida sem precedentes de confiscar até 60% dos seus fundos para cumprir os termos do acordo de resgate.
Isso, combinado com restrições extraordinárias sobre os saques a fim de prevenir uma corrida aos bancos, irá por sua vez reduzir o consumo de o investimento em negócios, acrescentou a comissão. Isso machucará ainda mais uma economia que há tinha começado a desacelerar há dois anos, quando a longa crise da dívida europeia se estabeleceu.
Analistas dizem que, uma vez que as restrições forem suspensas, é provável que as pessoas tirem dinheiro dos bancos cipriotas em massa, já que poucos acreditam na promessa do governo de que a taxa bancária que está sendo imposta agora será uma medida pontual.
Um novo escândalo soprou pelos corredores do poder esta semana, quando o banco central apresentou um relatório ao Parlamento mostrando que 6 mil pessoas haviam retirado grandes somas de dinheiro de bancos cipriotas nas duas semanas que antecederam o primeiro acordo de resgate da ilha. O acordo se desfez depois que líderes europeus e do governo concordaram temporariamente com um plano que teria confiscado os depósitos segurados dos poupadores para ajudar o Chipre a levantar o dinheiro que seus credores exigiam em troca do resgate.
Os bancos cipriotas, já próximos do colapso por causa das perdas de empréstimos ruins feitos principalmente na Grécia dilacerada pela crise, bem como perdas por deter títulos do governo grego, poderiam sofrer mais pressão, alertou a comissão, à medida que empresas e indivíduos começam a azedar juntamente com a economia.
O desemprego já está perto de 15% e deverá aumentar à medida que o setor financeiro reduz sua atividade. Nesse meio tempo, os esforços de reformular a economia para depender mais do turismo provavelmente levarão anos.
O relatório concluiu que as únicas esperanças reais para o momento pareciam ser perfurar para extrair gás natural, ou que a economia global europeia se recupere.
Tradutor: Eloise de Vylder
E como a economia ficará pior do que o esperado, o Chipre logo deverá levantar 13 bilhões de euros – quase o dobro do montante que o governo pensou que teria de angariar há apenas um mês –, a fim de evitar que sua dívida e déficit saiam fora do controle e de manter o resgate internacional de de 10 bilhões de euros garantido no mês passado pelo presidente recém-eleito, Nicos Anastasiades.
A redução do crescimento significa que os déficits orçamentários do país tendem a crescer, então ele precisará levantar mais dinheiro para mantê-los alinhados com os termos do resgate. Como o governo se comprometeu também a melhorar a saúde de seus bancos, ele também deverá gerar mais fundos para garantir que os bancos tenham capital adequado – especialmente se as perdas derem início a uma bola de neve à medida que a economia cai.
"No curto prazo, a perspectiva econômica permanece desafiadora", afirmou a Comissão Européia no relatório, que detalha as condições que o governo cipriota acordou a fim de obter a salvação financeira da chamada troika, composta pelo Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a comissão.
Os cofres do Chipre secaram à medida que o país luta para evitar que seus bancos cambaleantes entrem em colapso. Na terça-feira, o ministro das Finanças recém-nomeado, Harris Georgiades, disse que sem o pacote de resgate, os fundos públicos teriam acabado até o fim de abril.
O Chipre está tão amarrado que concordou em vender algumas das jóias da família para levantar dinheiro. A principal delas é o excesso de reservas de ouro em posse do banco central. Na primeira venda desse tipo por parte de um banco central da zona do euro, o Chipre já concordou em vender 400 milhões de euros em ouro, ou cerca de 10 toneladas de seu estoque de 13 toneladas.
O que é mais, um ninho de vespas de tensão geopolítica pode surgir à medida que o Chipre concorda com seus credores internacionais em explorar jazidas de gás não desenvolvidas, encontradas em suas águas. A esperança, tal como descrita na avaliação da comissão, é de que os rendimentos sejam usados para manter a dívida do Chipre sob controle enquanto a economia cai.
Mas a Turquia, que ocupa o norte de Chipre, já contestou no mês passado qualquer movimento da ilha para acelerar a exploração, especialmente se isso significar o envolvimento russo. A Turquia advertiu que pode "agir contra tais iniciativas, se for necessário". Nesse meio tempo, a Comissão descreveu um futuro sombrio para o Chipre, pelo menos no curto prazo.
A nação foi obrigada a integrar parte de sua segunda maior instituição financeira, o Laiki Bank, também conhecido como Banco Popular do Chipre, ao Banco de Chipre, maior, sob os termos do pacote de resgate. Inúmeras empresas de todos os tamanhos provavelmente irão à falência à medida que os bancos cortam a emissão de crédito. Outros negócios lucrativos que se alimentavam do setor de serviços financeiros inflado do Chipre também podem sofrer. Os preços dos imóveis, que já começaram a cair enquanto a bolha da construção estoura, devem se deteriorar ainda mais.
As empresas registradas em Chipre, mesmo como um simples endereço postal, deverão provavelmente procurar outro lugar à medida que o imposto corporativo aumenta de 10% para 12,5%. Este ainda é o mais baixo da zona euro, ao lado de Irlanda, mas ele retira um grande atrativo da ilha.
Enquanto isso, continuou a comissão em seu relatório, as pessoas e empresas que detinham depósitos não segurados nos dois maiores bancos verão uma "perda de riqueza" à medida que o governo toma a medida sem precedentes de confiscar até 60% dos seus fundos para cumprir os termos do acordo de resgate.
Isso, combinado com restrições extraordinárias sobre os saques a fim de prevenir uma corrida aos bancos, irá por sua vez reduzir o consumo de o investimento em negócios, acrescentou a comissão. Isso machucará ainda mais uma economia que há tinha começado a desacelerar há dois anos, quando a longa crise da dívida europeia se estabeleceu.
Analistas dizem que, uma vez que as restrições forem suspensas, é provável que as pessoas tirem dinheiro dos bancos cipriotas em massa, já que poucos acreditam na promessa do governo de que a taxa bancária que está sendo imposta agora será uma medida pontual.
Um novo escândalo soprou pelos corredores do poder esta semana, quando o banco central apresentou um relatório ao Parlamento mostrando que 6 mil pessoas haviam retirado grandes somas de dinheiro de bancos cipriotas nas duas semanas que antecederam o primeiro acordo de resgate da ilha. O acordo se desfez depois que líderes europeus e do governo concordaram temporariamente com um plano que teria confiscado os depósitos segurados dos poupadores para ajudar o Chipre a levantar o dinheiro que seus credores exigiam em troca do resgate.
Os bancos cipriotas, já próximos do colapso por causa das perdas de empréstimos ruins feitos principalmente na Grécia dilacerada pela crise, bem como perdas por deter títulos do governo grego, poderiam sofrer mais pressão, alertou a comissão, à medida que empresas e indivíduos começam a azedar juntamente com a economia.
O desemprego já está perto de 15% e deverá aumentar à medida que o setor financeiro reduz sua atividade. Nesse meio tempo, os esforços de reformular a economia para depender mais do turismo provavelmente levarão anos.
O relatório concluiu que as únicas esperanças reais para o momento pareciam ser perfurar para extrair gás natural, ou que a economia global europeia se recupere.
Tradutor: Eloise de Vylder
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