segunda-feira, 29 de abril de 2013

UE possui estratégia fragilizada para enfrentar a crise financeira
O avanço do antieuropeísmo nas opiniões públicas é tão acelerado que países tradicionalmente entusiastas do projeto, como a Espanha, hoje alcançam um nível de rejeição semelhante ao britânico; e países igualmente adeptos e quase recém-chegados, como a Polônia, já registram um número maior de cidadãos contra do que a favor.
A UE enfrenta a mais profunda crise econômica de sua história com a pior das estratégias porque, além de não dar resultados, dinamitou o escasso poder das instituições comunitárias, impõe o sistema intergovernamental e aplica receitas econômicas que zelam pelo equilíbrio das contas públicas e do sistema financeiro às custas do sacrifício da população.
Em apenas um ano, os 27 países da União elegerão mediante voto direto seus representantes no Parlamento Europeu. É previsível que a abstenção atinja cotas históricas, a não ser que a proliferação de partidos eurocéticos mobilize os eleitorados e leve a instituições europeias de perfil político incerto. Mas se de alguma coisa os europeus se inteiraram durante esta crise é da perda de peso de seu voto e de sua opinião sobre como resolver a situação; uma realidade mais imputável aos líderes políticos nacionais do que às instituições comunitárias, quase sempre instrumentalizadas a favor daqueles.
Esta crise e sua gestão frearam valores da UE que os europeus apreciavam, como a solidariedade, a coesão e a prosperidade, o que está promovendo a desconfiança do vizinho ou de um regresso aos sempre simplistas e perigosos estereótipos. O choque de democracias - centrado basicamente no desencontro entre o norte e o sul - que na quinta-feira (25) foi analisado por seis grandes jornais europeus, entre eles "El País", é uma deriva preocupante que os líderes políticos atuais deveriam enfrentar o quanto antes. Amanhã pode ser tarde demais.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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