Der Spiegel
Patrick Seeger/Efe
José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, discursa sobre o futuro financeiro da UE (União Europeia) no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, na França
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, disse que a Europa atingiu os limites políticos de suas medidas de austeridade, o que sugere que os países em crise deveriam ter mais tempo para consolidar seus orçamentos. Mas a Alemanha alertou contra essa mudança de curso na semana passada.
Declarações surpreendentes foram feitas por um dos homens mais poderosos da Europa na segunda-feira (22) à noite. Nesse dia, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, disse que as rigorosas medidas de austeridade impostas até o momento às economias em crise da EU (União Europeia) podem ter atingido seu limite político.
Embora essa política esteja "fundamentalmente correta", ela "atingiu seu limite", Barrosos disse em uma conferência realizada em Bruxelas. "Para ser bem- sucedida, uma política não tem apenas que ser adequadamente elaborada. Ela tem de ter o mínimo de apoio político e social", acrescentou Barroso.
Os comentários de Barroso foram proferidos pouco antes da divulgação dos mais recentes números sobre o deficit orçamentário da UE pela Eurostat, departamento de estatísticas do grupo de países europeus. Os dados mostraram que, em 2012, apesar de o déficit conjunto dos 17 países membros da união monetária da UE ter recuado, a dívida total dessas nações dos saltou de 8,2 trilhões de euros (US$ 10,7 trilhões) para 8,6 trilhões de euros. As drásticas políticas de arrocho impostas a vários países europeus em dificuldades financeiras aparentemente tiveram pouco impacto. Pelo contrário: muitos acreditam que os cortes de gastos intensificaram os problemas orçamentários, pois reprimiram o crescimento, o que gerou protestos violentos nos países em recessão do sul da Europa.
Barroso sugeriu que os países em crise devem ter mais tempo para fazer com que seus déficits recuem ao nível exigido, de 3% do PIB (Produto Interno Bruto). A Espanha e a Grécia, por exemplo, estão longe de alcançar esse objetivo: seus déficits orçamentários estão em 10% e 10,6% do PIB, respectivamente, segundo a Eurostat. O déficit orçamentário da França também está acima da meta de 4,5% do PIB e, em 2012, atingiu o patamar de 4,8% do PIB. Apesar de ainda se esperar que esses países reduzam seus déficits, Barroso disse que deveria haver uma discussão sobre a velocidade necessária para que esse recuo aconteça.
"Precisamos aliar a correção indispensável das finanças públicas, a redução dos enormes déficits, da enorme dívida pública... com medidas adequadas para estimular o crescimento", disse ele.
Barroso sempre apoiou políticas de consolidação orçamentária favoráveis ao crescimento, mas alguns interpretaram seus mais recentes comentários como uma possível mudança na abordagem europeia em relação às medidas de austeridade, o que seria bem recebido pelos líderes da UE, que estão ávidos para estimular o crescimento de seus países. A Comissão Europeia deve definir no próximo dia 29 de maio se recomendará que os ministros da Fazenda da UE deem à França e à Espanha um ano extra para que os dois países reduzam seus deficits para 3% de seu PIB, alterando o prazo de 2014 para 2015. E, apesar de continuar incerto que tipo de atitude eles irão tomar, a decisão de aliviar as medidas austeridade seria recebida com uma forte resistência por parte da Alemanha – que, segundo demonstrou a Eurostat, foi o único país da UE a registrar superávit orçamentário no ano passado. A chanceler alemã Angela Merkel tem pressionado incansavelmente para que a União Europeia mantenha as rígidas medidas austeridade, apesar dos apelos de França e Espanha, cujos legisladores querem obter permissão para fazer mais dívidas no curto prazo com o intuito de alavancar suas economias.
Há duas semanas, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, manteve a posição alemã e alertou contra o afastamento das medidas de austeridade. "Estamos convencidos de que, se desistirmos das políticas de consolidação orçamentária, se retrocedermos às velhas políticas de acumular dívidas, nós iremos consolidar o desemprego em massa por muitos anos na Europa", disse ele em Bruxelas. O crescimento não pode ser comprado com novas dívidas, acrescentou Westerwelle, afirmando que "as políticas de crescimento e de consolidação (orçamentária) são dois lados da mesma moeda".
Tradutor: Cláudia Gonçalves
José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, discursa sobre o futuro financeiro da UE (União Europeia) no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, na França
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, disse que a Europa atingiu os limites políticos de suas medidas de austeridade, o que sugere que os países em crise deveriam ter mais tempo para consolidar seus orçamentos. Mas a Alemanha alertou contra essa mudança de curso na semana passada.
Declarações surpreendentes foram feitas por um dos homens mais poderosos da Europa na segunda-feira (22) à noite. Nesse dia, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, disse que as rigorosas medidas de austeridade impostas até o momento às economias em crise da EU (União Europeia) podem ter atingido seu limite político.
Embora essa política esteja "fundamentalmente correta", ela "atingiu seu limite", Barrosos disse em uma conferência realizada em Bruxelas. "Para ser bem- sucedida, uma política não tem apenas que ser adequadamente elaborada. Ela tem de ter o mínimo de apoio político e social", acrescentou Barroso.
Os comentários de Barroso foram proferidos pouco antes da divulgação dos mais recentes números sobre o deficit orçamentário da UE pela Eurostat, departamento de estatísticas do grupo de países europeus. Os dados mostraram que, em 2012, apesar de o déficit conjunto dos 17 países membros da união monetária da UE ter recuado, a dívida total dessas nações dos saltou de 8,2 trilhões de euros (US$ 10,7 trilhões) para 8,6 trilhões de euros. As drásticas políticas de arrocho impostas a vários países europeus em dificuldades financeiras aparentemente tiveram pouco impacto. Pelo contrário: muitos acreditam que os cortes de gastos intensificaram os problemas orçamentários, pois reprimiram o crescimento, o que gerou protestos violentos nos países em recessão do sul da Europa.
Barroso sugeriu que os países em crise devem ter mais tempo para fazer com que seus déficits recuem ao nível exigido, de 3% do PIB (Produto Interno Bruto). A Espanha e a Grécia, por exemplo, estão longe de alcançar esse objetivo: seus déficits orçamentários estão em 10% e 10,6% do PIB, respectivamente, segundo a Eurostat. O déficit orçamentário da França também está acima da meta de 4,5% do PIB e, em 2012, atingiu o patamar de 4,8% do PIB. Apesar de ainda se esperar que esses países reduzam seus déficits, Barroso disse que deveria haver uma discussão sobre a velocidade necessária para que esse recuo aconteça.
"Precisamos aliar a correção indispensável das finanças públicas, a redução dos enormes déficits, da enorme dívida pública... com medidas adequadas para estimular o crescimento", disse ele.
Barroso sempre apoiou políticas de consolidação orçamentária favoráveis ao crescimento, mas alguns interpretaram seus mais recentes comentários como uma possível mudança na abordagem europeia em relação às medidas de austeridade, o que seria bem recebido pelos líderes da UE, que estão ávidos para estimular o crescimento de seus países. A Comissão Europeia deve definir no próximo dia 29 de maio se recomendará que os ministros da Fazenda da UE deem à França e à Espanha um ano extra para que os dois países reduzam seus deficits para 3% de seu PIB, alterando o prazo de 2014 para 2015. E, apesar de continuar incerto que tipo de atitude eles irão tomar, a decisão de aliviar as medidas austeridade seria recebida com uma forte resistência por parte da Alemanha – que, segundo demonstrou a Eurostat, foi o único país da UE a registrar superávit orçamentário no ano passado. A chanceler alemã Angela Merkel tem pressionado incansavelmente para que a União Europeia mantenha as rígidas medidas austeridade, apesar dos apelos de França e Espanha, cujos legisladores querem obter permissão para fazer mais dívidas no curto prazo com o intuito de alavancar suas economias.
Há duas semanas, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, manteve a posição alemã e alertou contra o afastamento das medidas de austeridade. "Estamos convencidos de que, se desistirmos das políticas de consolidação orçamentária, se retrocedermos às velhas políticas de acumular dívidas, nós iremos consolidar o desemprego em massa por muitos anos na Europa", disse ele em Bruxelas. O crescimento não pode ser comprado com novas dívidas, acrescentou Westerwelle, afirmando que "as políticas de crescimento e de consolidação (orçamentária) são dois lados da mesma moeda".
Tradutor: Cláudia Gonçalves
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