domingo, 28 de abril de 2013

Venezuela vai suspender salário de deputados que não reconheçam Maduro
Direito de palavra também será retirado, adverte presidente da Assembleia Nacional
Medida será estendida a assembleias estaduais e câmaras municipais
Opositores prometem continuar comparecendo ao Parlamento, mesmo sem poder falar e receber
O Globo

Cabello (à direita) com Maduro no dia da posse presidencial: pressão sobre a oposição
Foto: AFP/19-4-2013
Cabello (à direita) com Maduro no dia da posse presidencial: pressão sobre a oposição AFP/19-4-2013
CARACAS - Deputados venezuelanos que não reconheçam a vitória de Nicolás Maduro ficarão sem receber seus salários, advertiu o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, na noite de quinta-feira. A medida, que deve ser estendida a assembleias estaduais e câmaras municipais, foi anunciada depois de o opositor Henrique Capriles anunciar que vai pedir a impugnação das eleições presidenciais do último dia 14.
- É lógico e coerente. Como vou pagar a um fantasma? Se não trabalham, não podem cobrar. E não trabalham porque não reconhecem Maduro - disse Cabello.
Nomeado herdeiro político de Hugo Chávez, Maduro venceu as eleições presidenciais por menos de dois pontos percentuais, o que levou a oposição a pedir a recontagem dos votos. Mas o Conselho Nacional Eleitoral concordou apenas com uma auditoria.
A tensão se estendeu à Assembleia Nacional. Na sessão do dia 16, Cabello negou o direito de palavra aos deputados que não reconheceram a eleição de Maduro e, no dia seguinte, substituiu os opositores que ocupavam a presidência de comissões parlamentares.
Além disso, Cabello afirmou que continuam as investigações para que Capriles “pague por delitos” cometidos ao incitar a violência. Nos protestos após as eleições, nove pessoas morreram em confrontos.
Para deputado, medida é extorsão
A decisão do presidente da Assembleia Nacional foi classificada como uma extorsão pelo deputado Carlos Berrizbeitia, do Prove, que afirmou que Cabello atua como “o comandante de um batalhão”. Berrizbeitia, no entanto, declarou que os opositores não pretendem ceder, mesmo com a suspensão dos salários. Eles continuarão a comparecer ao Parlamento, apesar de considerarem ilegal a falta de pagamento.
Posição semelhante foi adotada por Rodolfo Rodríguez, da Ação Democrática. Rodríguez considera que as medidas representam uma limitação à liberdade de expressão dos parlamentares. Outros opositores também manifestaram a intenção de continuar a comparecer ao Parlamento.
- É uma medida inédita no mundo democrático - criticou o deputado Rodríguez.

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