sábado, 13 de abril de 2013

Empresas buscam no Acre trabalhadores haitianos que entraram sem visto no Brasil
Abrigo na cidade de Brasileia registra mais de 1.300 imigrantes esperando oportunidade de trabalho no país
OM

A dificuldade do Haiti em se recuperar do terremoto que atingiu o país em 2010 tem aumentado o fluxo migratório de haitianos para as mais diversas regiões do mundo. O Brasil, um dos países que mais atrai esses migrantes, tenta implementar iniciativas para inserir essas pessoas no mercado de trabalho, por meio da concessão de vistos.
Um dos Estados que mais recebe haitianos no Brasil é o Acre. Na última terça-feira (09/04), o governador Tião Viana decretou estado de emergência graças à falta de controle no fluxo de imigrantes haitianos cruzando a fronteira brasileira.
Cerca de 1.700 pessoas entraram no Brasil sem documentação legal nos últimos 15 dias. Em entrevista a Opera Mundi, o secretário de Justiça e Direitos Humanos do governo do Acre, Nilson Mourão, afirmou que a situação é crítica.
“Os abrigos que temos para os haitianos têm capacidade para no máximo 200 pessoas. Esse é o limite para que possamos garantir água e alimentação a todos. Atualmente temos cerca de 1.300 pessoas aqui”, revela Mourão.e posse dos papeis necessários para trabalhar no Brasil, os haitianos têm sido a solução para a escassez de mão-de-obra em setores como a construção civil e a indústria alimentícia.
“Algumas empresas chegam a vir buscar os imigrantes de avião e ônibus fretados. Porque é uma boa oportunidade de trabalho. Empresas do porte do Grupo Votorantim, MCDonald’s e diversas panificadoras já recrutaram funcionários aqui no Acre”, revela o secretário.
Agência de Notícias do Acre

Haitianos se reúnem no abrigo em Brasileia; imigrantes estão à espera de oportunidade de trabalho
Procurada pelo Opera Mundi, a assessoria de imprensa do Grupo Votorantim confirmou que, no ano passado, haitianos trabalharam em obras da empresa. No entanto, eles teriam sido contratados por empresas prestadoras de serviço – em específico a empreiteira Urb Topo.
O MCDonald’s, por sua vez, afirmou em nota oficial “que a contratação de seus funcionários são feitas seguindo os critérios determinados pela Lei.”
Segundo Nilson Mourão, não foi registrado até agora qualquer tipo de registro de exploração de trabalho por parte das empresas que buscam os imigrantes para trabalhos na construção civil e na indústria dos alimentos.
Origem do fluxo migratório
O motivo de centenas de haitianos cruzarem a fronteira brasileira é, basicamente, fugir das más condições sociais que enfrentam no Haiti. “Vim para trabalhar, buscar uma vida melhor, um emprego melhor”, afirmou em entrevista a Opera Mundi o haitiano Elismar Estampio, 32 anos, que aguarda no abrigo uma oportunidade para conseguir trabalho.
O boom no fluxo de imigrações está ligado ao trabalho de traficantes de humanos, que se especializaram em organizar excursões que trazem haitianos, passando por Peru e Bolívia até chegar, enfim, ao Acre.
“Milagrosamente eles chegam saudáveis ao Brasil, apenas com pequenos problemas. No entanto, já pedimos uma ação do governo federal, pois precisamos de ajuda humanitária para contornar a situação”, afirma Mourão.
Agência de Notícias do Acre

(Da esquerda para direita) Governador Tião Viana (PT) e o Secretário de Justição e Direitos Humanos, Nilson Mourão
Elismar, por exemplo, viajou de avião até Santo Domingo e depois para Bolívia, chegando há poucos dias no Acre.
"Não tem trabalho no Haiti. Aqui no Brasil a gente pode encontrar mais oportunidades de emprego. Além de poder trabalhar, quero melhorar a minha vida”, revela Estampio.
Além dos haitianos, a rota de imigração ilegal está trazendo pessoas do continente africano e até mesmo da Ásia. No abrigo de Brasileia – 280 km da capital Rio Branco – por exemplo, é possível encontrar imigrantes que vieram de Senegal e até mesmo do Bangladesh.
Os primeiros imigrantes haitianos começaram a chegar ao Acre em dezembro de 2010, pela cidade de Brasileia.

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