domingo, 14 de abril de 2013

Saiba como substituir os vilões da inflação por alimentos mais baratos
Nutricionistas dão dicas de como manter o orçamento da alimentação, sem perder nutrientes com produtos similares
Viviane Nogueira - O Globo
Tomate foi vilão da inflação e o mais comentado da semana
Foto: Simone Marinho/ 03.09.2008
Tomate foi vilão da inflação e o mais comentado da semana - Simone Marinho/ 03.09.2008
Da feira às redes sociais o preço do tomate foi o assunto da semana. Com um aumento de 122,13% nos últimos 12 meses, segundo o índice do IBGE usado nas metas de inflação do governo, o tomate só perdeu para a farinha de mandioca, que subiu 151,39%. Para os defensores de uma dieta balanceada, dá para ficar sem farinha, já sem tomate é mais difícil. Uma dica seria substituir o fruto pelo molho pronto, que concentra ainda mais do antioxidante licopeno.
— O problema é que o molho pronto tem muito sal, mas aqueles de garrafa, com tomate sem pele, têm menos sal e podem ser uma saída — acredita a nutricionista Ana Paula Cervasio, fundadora do Espaço Nutriente.
Um problema, segundo a nutricionista Bia Rique, do Núcleo de Saúde e Beleza da Clínica Ivo Pitanguy, é que as substituições muitas vezes mudam o sabor do prato.
— O tomate poderia ser substituído por pimentão vermelho, que também está caro, ou por pepino, pelo valor nutricional e vitamina C. Só que o gosto é completamente diferente, não dá para fazer uma matemática precisa. Já pensou uma salada caprese desse jeito? — diz.
Cebola registrou maior alta do mês
Se no ano a vedete foi o tomate, este mês a maior alta de preço ficou com a cebola, que está 21,43% mais cara. Para a nutricionista Virgínia Nascimento, vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrição, neste caso entram em cena estratégias para mudar hábitos arraigados dos brasileiros, como o uso do refogado de alho e cebola, que pode ser substituído por gengibre, alho poró ou cebolinha.
— Há outros com menos semelhanças físicas com a cebola, mas que são poderosos acentuadores de sabores, como as ervas: alecrim, aipo, aneto, salsa, coentro, hortelã e manjericão — exemplifica.
Já Bia Rique acredita que não há substituição para quem gosta deste tempero.
— O alho poró e a cebolinha funcionam, mas mudam um pouco o gosto. Bife acebolado e bife aceboladinho são bem diferentes — brinca.
De forma geral, a regra para as substituições é procurar alimentos equivalentes dentro do mesmo grupo: grãos por grãos, raízes por raízes, folhas por folhas e vegetais da mesma cor são equivalentes. Assim, para substituir outros alimentos que também aumentaram de preço, como batata inglesa, repolho, alho, feijão mulatinho, cenoura e alface, vale ficar de olho nos grupos nutricionais.
Como explica Virgínia, os alimentos têm características nutricionais que permitem listá-los em grupos de equivalências.
— Legumes e verduras são fontes de fibras, vitaminas, minerais e têm poucas calorias. Já os feijões são fontes de carboidratos complexos e proteínas, além de serem compostos de aminoácidos, importantes para saúde — explica.
Vegetais de época são mais baratos
Outra dica das nutricionistas é escolher vegetais e frutas da época que estarão mais gostosos, bonitos e ricos de nutrientes, além de baratos. Ir à feira na hora da xepa também pode garantir descontos, além de pesquisar sempre.
— Se há 40 alimentos na feira e dez estão caros, a saída é aprender a cozinhar para aprender a substituir, variar, para mim todo mundo deveria saber se virar na cozinha — diz Bia.
O mais preocupante para ela é que vegetais e frutas já são raridade na mesa do brasileiro, que cada vez mais consome alimentos industrializados e processados.
— Se além disso o alimento fresco ficar mais caro, aí é que vamos comer batata chips que é muito mais fácil de consumir do que ir à feira, comprar o tomate, lavar, cortar e colocar na salada — acredita.
Para Virgínia Nascimento, um dos perigos na hora de refazer o cardápio é que se criam mitos para determinados alimentos, como o licopeno do tomate que ajuda a prevenir câncer. Com isso, segundo ela, muitos consumidores podem se sentir carentes e inconformados quando não puderem consumir.
Polpa pode substituir frutas
Para Ana Paula Cervasio, que esses dias viu tomate orgânico sendo vendido mais barato que o não orgânico, nada melhor que um plantão na feira para redefinir prioridades nutricionais. No caso das frutas, a polpa congelada pode ser uma opção porque ainda conserva vitamina C, mas muitas vezes também é uma alternativa cara.
— Não tem jeito, tem que ficar sempre de olho nos preços para ir substituindo o que está caro por opções mais em conta — ensina.
Já Virgínia cita estudiosos em alimentação e nutrição humana também dizem para dar algumas dicas nesta época de inflação mais alta:
— Eles dizem que ‘vivemos em um país tropical com abundância em alimentos, que se soubermos desfrutar ao máximo, não teremos carências’. Então, deixe o alho e a cebola para quando o frio chegar; opte pelo feijão preto ou manteiga que são saborosos, como troca do mulatinho; aprecie inhame ou batata doce, que até saciam por mais tempo que a batata inglesa; coma menos tomate e experimente o sabor de folhas cruas ou cozidas, diferentes do repolho, e que são até de mais fácil digestão — aconselha.

Nenhum comentário: