domingo, 14 de abril de 2013

Alemães são, em média, mais pobres que cipriotas, revela estudo
Jack Ewing - IHT
AP Photo/Philippos Christou

Manifestante coloca fogo em bandeira da União Europeia durante protesto em Nicosia, capital do ChipreManifestante coloca fogo em bandeira da União Europeia durante protesto em Nicosia, capital do Chipre
Os italianos são o povo mais prudente na Europa. Espanhóis e gregos não estão tão mal quanto as tristes estatísticas econômicas de seus países podem sugerir. E pobre dos alemães. Eles estão mais pobres do que os cipriotas que estão ajudando a resgatar.
À primeira vista, essas são algumas das conclusões surpreendentes de uma extensa pesquisa de riqueza e endividamento dos lares conduzida por pesquisadores do Banco Central Europeu e publicada na última semana.
Mas a pesquisa, destinada a promover uma melhor política monetária preenchendo uma lacuna importante no conhecimento sobre as finanças dos lares na zona do euro, vem repleta de ressalvas. Grande parte dos dados são de muitos anos atrás e pode ser arriscado tirar muitas conclusões.
Por exemplo, os dados podem fazer alguns países parecerem mais ricos do que realmente são, alertou o estudo, por causa da diferença no número de pessoas que normalmente compartilham um lar e outros fatores. Os cipriotas têm alguns dos maiores lares da região do euro, enquanto os alemães, em média, têm os menores. O levantamento de 62 mil lares mediu riqueza, renda e dívida por família, e não por indivíduo, então um país com famílias grandes que moram juntas pode parecer mais rico. Como resultado, os números devem ser "interpretados com cautela", disse o relatório.
Além disso, menos da metade das famílias alemãs tem casa própria, em parte porque o páis é um dos poucos da zona do euro que não garante uma taxa de dedução para pagamentos de juros de hipotecas. Como as casas tendem a ser o bem mais valioso dos europeus, de longe, a prevalência de inquilinos faz os alemães parecerem ter menos riqueza líquida do que os espanhóis, de outra forma pressionados. A porcentagem de casas próprias na Espanha é superior a 80%.
A riqueza média líquida dos lares na Espanha é de 291 mil euros, ou US$ 380 dólares, em comparação com 195 mil euros na Alemanha. Mas seria difícil argumentar que a Espanha, com um desemprego oficial de 26%, está melhor do que a Alemanha, com uma taxa de 5,4%.
A riqueza média líquida de 671 mil euros por lar, poucos invejariam os cipriotas, cujo sistema bancário está em ruínas e onde a economia pode estar caminhando para uma severa recessão. A riqueza no Chipre também está concentrada entre um grupo relativamente pequeno.
Os entrevistadores começaram a coletar os dados a partir de 2009, então não captaram a maior parte do grave declínio econômico que aconteceu desde então em países como a Grécia, Espanha e Portugal. Além disso, os participantes da pesquisa foram questionados sobre o valor estimado de suas casas e podem não ter sido precisos em países como a Espanha, onde os valores dos imóveis caíram drasticamente. A pesquisa não contém dados de dois dos 17 membros da união monetária: Irlanda e Estônia.
Mas a pesquisa sugere que as diferenças no padrão de vida na zona do euro podem não ser tão grandes como se imaginava.
A pesquisa também desafia outros estereótipos. Apesar de o governo italiano sofrer de uma reputação de gastos frívolos e política disfuncionais, os lares italianos são os que provavelmente menos emprestam dinheiro na zona do euro. Cerca de 75% dos lares italianos não têm nenhuma dívida, de acordo com a pesquisa.
A pesquisa também pode alimentar o sentimento de injustiça entre os políticos europeus quando são criticados por seus colegas norte-americanos sobre sua gestão da crise da dívida. De acordo com os dados, os norte-americanos são os que tem muita dívida. Na zona do euro, 44% dos lares possuem algum tipo de dívida, em comparação com 75% nos Estados Unidos. Além disso, os norte-americanos como um grupo dedicam uma parcela muito maior a sua renda para pagar juros de dívidas.
O banco central disse num comunicado que os dados forneceriam uma visão com mais nuances sobre as finanças domésticas e promoveriam uma melhor política monetária. Por exemplo, o banco central será capaz de calcular melhor o efeito de um aumento nas taxas de juros sobre as finanças domésticas.
"A longa crise econômica atual tornou mais evidente do que nunca que grandes desequilíbrios estruturais podem permanecer escondidos" sem esses dados detalhados, disse o banco central.
Tradutor: Eloise de Vylder

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