Jogos de guerra na Ásia
FSP
As três maiores economias do mundo --EUA, China e Japão-- estão
envolvidas em preocupante agitação militar no leste da Ásia. O pretexto é
um punhado de ilhotas no oceano Pacífico; o pano de fundo é o aumento
calculado da agressividade de Pequim em suas disputas territoriais com
os vizinhos.
A atual escalada começou há pouco mais de um mês, quando Pequim decretou
que uma vasta porção do mar do Leste da China passaria a ser zona de
defesa aérea. Pela resolução, quem quiser sobrevoar essa área precisa
notificar as autoridades chinesas.
O perímetro estabelecido pela China, contudo, inclui uma área sob
domínio sul-coreano e parte de um arquipélago em disputa com o Japão,
atualmente administrado por Tóquio --as ilhas Diaoyu, ou Senkaku (para
os japoneses).
Num desafio à China, os EUA, aliados do Japão, enviaram dois
bombardeiros B-52 à região, no final de novembro. Dias depois, japoneses
e sul-coreanos seguiram o exemplo. Não houve retaliação.
Mais recentemente, o governo japonês anunciou inédita estratégia de
segurança nacional, com aumento de 5% de gastos nos próximos cinco anos,
totalizando US$ 240 bilhões. Os recursos adicionais serão empregados
sobretudo em melhorias na vigilância do arquipélago Diaoyu/Senkaku.
Houve, além disso, tensão no campo simbólico. Na semana passada, o
premiê do Japão, Shinzo Abe, foi ao santuário Yasukuni, em Tóquio,
dedicado a japoneses mortos em conflitos desde 1868.
A visita, a primeira do gênero desde 2006, gerou duros protestos na
China e na Coreia do Sul, que consideram o local um símbolo do passado
militarista japonês.
O endurecimento da China em disputas territoriais --houve episódios
semelhantes com Filipinas e Vietnã-- coincide com sua ascensão ao posto
de segunda maior economia do mundo, o que se deu em 2010. Há, ademais, a
percepção de que os EUA têm no leste da Ásia uma de suas prioridades
militares a curto e médio prazo.
A fim de evitar confrontos, mecanismos internacionais de negociação
sobre segurança e limites territoriais precisam ser aprimorados. Não
interessa a ninguém um conflito militar envolvendo as maiores economias
do mundo, duas das quais são potências nucleares.
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