segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Mísseis da Rússia para o Irã preocupam governo de Israel 
MÁRIO CHIMANOVITCH - FSP
A programada entrega pela Rússia, em breve, dos sofisticados mísseis S-300 ao Irã poderá comprometer seriamente a supremacia aérea que Israel vem mantendo, praticamente desde a década de 50, no Oriente Médio.
Essa poderosa arma é um sistema montado sobre plataformas móveis, o que lhe permite ter rápido deslocamento.
Está programada para perseguir vários aviões inimigos simultaneamente, a longa distância, podendo atingi-los num raio de até 150 km.
O armamento, ressaltam especialistas, tem se constituído em peça fundamental no sistema de defesa russo para fazer frente às baterias de mísseis dos Estados Unidos estacionados em território da Polônia e da República Tcheca.
O cenário que se configura para a região é sombrio para Israel: se o Irã obtiver a bomba nuclear e montar as baterias dos S-300, o Estado judeu, advertem alguns líderes e militares, não poderá se eximir de um ataque direto ao inimigo iraniano.
A compra dos mísseis efetivou-se em 2007, ao custo de quase US$ 1 bilhão.
Já em 2010, o serviço secreto de Israel detectou que equipes da Guarda Revolucionária iraniana estavam sendo treinadas em bases russas de mísseis para operarem essas baterias.
Israel vem efetuando gestões junto ao governo de Vladimir Putin para que os mísseis não sejam entregues aos iranianos.
Em contrapartida, os israelenses, entre outros pontos, oferecem aos russos a venda de drones (aviões não-tripulados) para vigilância territorial interna, uma tecnologia desenvolvida por Israel e que é considerada uma das melhores do mundo.
Em maio deste ano, encontraram-se o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu e Putin para discutir a questão.
Na ocasião, o premiê israelense advertiu que a alteração dramática do balanço estratégico em desfavor de Israel provocaria um inevitável confronto com o Irã.
Dois meses depois, um arsenal sírio no estratégico porto russo de Latakia, contendo mísseis russos da classe P-800 (superfície-mar) foi atacado e destruído --tudo indica, por Israel.
Os P-800, tanto quanto os S-300, são considerados por Israel como fatores de desiquilíbrio na balança armamentista.
O suposto ataque israelense, inicialmente atribuído à sua força aérea, foi desfechado, na realidade, por submarinos.
Esse ataque, no entender dos observadores e analistas, se constituiu numa mensagem de Jerusalém aos principais atores desse teatro: Rússia, Síria e Irã.
O recado dirigido diretamente a Moscou e a Teerã implica que a posse dos S-300 não impedirá um ataque de Israel às instalações nucleares do Irã.
"Nós podemos desfechar esse ataque por meio de múltiplos meios", advertiu recentemente o chefe do estado-maior israelense.

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