BARROSO, A ESCOLHA FELIZ DOS COMISSÁRIOS
Elio Gaspari - FSP
Se o ministro Luiz Fux foi uma decepção para o comissariado, seu colega
Luís Roberto Barroso surge como uma surpresa alentadora. Num caso pode
ter ocorrido um erro tático, no outro deu-se um acerto estratégico.
A simpatia dos comissários decorre da antiga militância do doutor
Barroso na defesa de uma modalidade de voto de lista e na enfática
condenação do atual sistema eleitoral. Ele aceita sistema distrital
misto, com lista e voto majoritário, mas nem ele nem ninguém explicou
como serão desenhados os distritos, fonte de corrupção na atual política
dos Estados Unidos. Num artigo para a revista eletrônica "Consultor
Jurídico", Barroso classificou o "atual sistema de voto proporcional e
lista aberta" como "antidemocrático e antirrepublicano". Direito dele,
mas trata-se de algo decidido pelo competente poder democrático e
republicano, que é o Congresso. Ainda não apareceu jurisconsulto
palaciano defendendo que essa atribuição seja passada aos tribunais.
Barroso sustenta que, depois das sentenças do mensalão e da ida do povo para a rua, o país precisa de:
1) "A alteração drástica do sistema político, na qual o dinheiro sem procedência é o personagem principal."
2) A reforma do sistema punitivo brasileiro, "seletivo, racial e classista".
Precisa, mas faltou dizer que convém botar mais gente na cadeia, visto
que "dinheiro sem procedência" não anda sozinho. É preciso que alguém o
ponha no bolso.
Atualmente, o dinheiro rola porque, além das doações legais, há o caixa
dois. Quando o Supremo proíbe as doações ilimitadas de empresas, trava
apenas o ervanário com procedência. Nenhum tostão do mensalão saiu de
doações legais. Para conter o dinheiro ilegal só há um caminho: o medo
da Papuda, e povoá-la é função do Judiciário.
Isso tudo pode acabar na realização do sonho petista do financiamento
público das campanhas. (Com o PT recebendo a maior fatia desses
recursos.) Junto com o voto de lista, resultará no seguinte: o eleitor
paga pelas campanhas e ainda por cima perde o direito de dizer que votou
no candidato de sua escolha, pois quem fixa a ordem de sagração dos
parlamentares é o partido. No atual sistema, houve eleitores que votaram
em Delfim Netto e foi para a Câmara Michel Temer. Coisa esquisita, mas o
cidadão sempre poderá dizer que votou em Delfim. E o caixa dois?
Barroso acredita que ele acaba.
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