domingo, 29 de dezembro de 2013

“No Brasil, revolucionário é ser liberal”. Ou: Uma entrevista imperdível
Rodrigo Constantino - VEJA
 
Imperdível a entrevista para o programa “Painel”, da Globo News, com Bolívar Lamounier, Luiz Felipe Pondé e Reinaldo Azevedo, sob o comando de William Waack. A primeira parte pode ser vista aqui, e a segunda aqui.
O tema é direita e esquerda na política nacional. Algo muito raro no Brasil, tivemos três participantes que não se identificam com o tradicional pensamento de esquerda, predominante no país.
Souberam defender o ponto de vista minoritário com muita propriedade. Lamounier prefere colocar liberais de um lado, e anti-liberais do outro. Reinaldo prefere separar entre aqueles que defendem as instituições democráticas e os que julgam que seus “nobres” fins justificam quaisquer meios.
Pondé foca no indivíduo contra o aparato estatal, valorizando a questão da autonomia para os liberais e conservadores, contra a culpa coletiva e difusa que a esquerda utiliza para retirar a responsabilidade de cada um. A esquerda apela para o sensacionalismo. É uma luta desigual, e é preciso deixar claro o viés autoritário da esquerda.
A guerra é, acima de tudo, cultural, precisa ser travada no campo das ideias. A academia, as igrejas, o jornalismo, tudo está dominado pela mentalidade revolucionária. A esquerda monopolizou as virtudes e demonizou os oponentes, com base em suas intenções, supostamente ruins, elitistas, contrárias à justiça “social”. O fato de a direita brasileira ser associada ao regime militar não ajuda.
Como lembra Reinaldo, a diferença entre a esquerda radical e a moderada é de grau, mas ambas acreditam que as instituições democráticas precisam ser “superadas”, e que o partido representa a sociedade. Já a diferença entre a direita democrática e a  ”fascistoide” é de essência. Os fascistas, não custa lembrar, sempre foram anti-liberais e anti-democráticos, e depositavam no estado todo o poder, como fazia a própria esquerda.
Outra coisa que Pondé chamou a atenção e merece menção é o fato de que, por estar em posição claramente minoritária no Brasil, os liberais e conservadores acabam tendo que estudar e ler mais, enquanto a esquerda, em maioria, precisa apenas repetir slogans. É a escolha preferida dos preguiçosos, e por isso vemos um hiato enorme nos debates, com liberais e conservadores bem mais preparados quando o foco precisa estar nos argumentos. Como concluiu Pondé, “no Brasil, revolucionário é ser liberal”.
O simples fato de um debate inteligente desses passar na televisão é alvissareiro e mostra que há luz no fim do túnel. Nem tudo está perdido. A esquerda percebe a gradual mudança na direção do vento ideológico, e por isso tem reagido de forma tão histriônica e agressiva.
Nosso melhor aliado é o livre debate de ideias. Não temos medo dele, ao contrário da esquerda e dos anti-liberais. Que venham outros debates e entrevistas assim!

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