Superávit extraordinário
José Paulo Kupfer - OESPO recorde registrado pelo superávit primário em novembro – maior volume mensal desde dezembro de 2001, quando a série começou a ser calculada – salva a pele do governo quanto ao cumprimento da meta fixada para 2013, mas ainda não expressa mudança na tendência da política fiscal. O ritmo de expansão dos gastos, em relação a 2012, no acumulado de janeiro a novembro, mostra velocidade três vezes maior do que o das receitas, embora seja possível observar leves sinais de contenção nas despesas.
Receitas extraordinárias explicam o recorde do mês passado e o virtual cumprimento da meta do ano por ele possibilitado. Um montante de R$ 35 bilhões – R$ 20 bilhões de parcelamento de dívidas do Refis e R$ 15 bilhões em bônus de assinatura pagos pelos vencedores do leilão do campo petrolífero de Libra – contribuíram para que, de janeiro a novembro, o governo central acumulasse superávit de R$ 60 bilhões, equivalentes a 82% da meta expurgada de R$ 73 bilhões, fixada para o chamado governo central (Tesouro, Previdência e Banco Central).
Com novos recursos não recorrentes, vindos dos leilões de concessões de rodovias deste fim de ano, e de dividendos distribuídos por estatais, serão pequenos os “ajustes” a que o governo central terá de apelar para fechar a conta. Ainda mais depois da desobrigação legal de se responsabilizar pelo cumprimento das metas de estados e municípios.
Considerando apenas receitas e despesas “normais”, o superávit não teria passado do equivalente a 1% do PIB em 2013. Com a arrecadação extraordinária, ficará próximo de 2% do PIB.
Do blog:
Tapando o sol com a peneira. Só o brasileiro acredita nos números apresentados pelo governo. No exterior, o Brasil já é visto com desconfiança.
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