Rodrigo Constantino - VEJA
Ao estilo de Antonio Prata, Gregorio Duvivier parte para a ironia em sua coluna de hoje na Folha, aparentemente tentando ridicularizar aqueles que delegam ao mercado a solução para todos os nossos males. Antes de entrar na questão, vale notar que não existem panaceias. NADA é solução mágica para nossos problemas!
Dito isso, várias coisas citadas pelo autor tem fundamento, mesmo que ele tenha tentado ser engraçado. Vejamos:
A gente não é a nova direita, até porque a gente não acredita nessa coisa de esquerda e direita. As pessoas dizem isso só porque a gente defende o Estado mínimo. É claro que a gente defende: tudo o que é privado funciona. Tudo o que é público é uma droga.
Nem tudo que é privado funciona, nem tudo que é público é uma droga. Mas quase sempre o setor privado vai ser melhor do que o setor público. Alguns serviços simplesmente não devem ficar a cargo da lei de oferta e demanda com base no lucro, como a polícia. Mas estado empresário é absurdo, e nunca funciona bem.
Pensa bem: o mundo não seria muito melhor se fosse uma grande empresa, com wi-fi, coffee break e um bom termostato? Não existe nada mais deprimente que uma repartição pública. Ou que o piscinão do Sesc.
Todo mundo sabe que os melhores hospitais são os privados: o médico ganha melhor e o paciente é mais bem tratado. Quem sai perdendo com a privatização da saúde? O PT, que ganha uma baba com essa festa da uva que é a saúde pública. Iam perder essa bocada. Pior para eles. E para os médicos da saúde pública, que hoje em dia estão de papo para o ar e do dia para noite teriam que trabalhar que nem todo mundo.
A educação é a mesma coisa. Só mesmo privatizando para acabar com a farra dos professores. Precisava de um bom Roberto Justus para dizer: você está demitido. Duvido que ia ser essa festa –você já viu a Coca-Cola entrar em greve? Não entra. O que falta na educação é alguém para fazer a limpa e deixar só quem presta.
A meritocracia sem dúvida é uma das principais armas do setor privado, uma grande vantagem em relação ao setor público. Demitir professores incompetentes e premiar os melhores seria um caminho fundamental para melhorar a qualidade do ensino no país. Realmente, a Coca-Cola não entra em greve, e seria bom o autor e seus leitores realmente refletirem sobre os motivos…
Aí vocês me perguntam: e aqueles que não podem pagar por educação ou por saúde? De repente, isso é bom para dar uma sacudida neles. O mundo é meritocrático. O que isso significa? Significa que eu não ralei a bunda por cinco anos numa faculdade privada das 9 às 5 da tarde pegando trânsito todo dia e tendo que fazer matérias que eu não queria, algumas inclusive de religião, para botar os meus filhos na mesma escola que o filho do motoboy que levou o meu retrovisor.
Agora, se o motoboy tiver que pagar caro pelos serviços, tudo muda. Ele pensa: “Eu tenho que trabalhar, senão não vou enriquecer, senão meu filho com leucemia não vai ter tratamento”. Resultado: desemprego zero. Crescimento a toque de caixa. Não adianta: sem a obrigação de trabalhar, o povo não trabalha.
Meritocracia é mesmo crucial, assim como a noção de responsabilidade individual. Não há dúvida de que é injusto forçar aquele que ralou, correu atrás, dedicou-se com afinco para subir na vida, a pagar pelas benesses do outro que seguiu outro caminho.
Claro que nem todos que ficam para trás são vagabundos. Há poucas oportunidades para essa gente, em boa parte por culpa do próprio governo intervencionista e paternalista. Em um ambiente liberal, haveria muito mais oportunidade para os mais pobres, como ocorre nos países mais capitalistas.
Mas a grande maioria dos liberais, ainda que saibam dos efeitos perversos do welfare state, não chegam a pregar a abolição total de uma rede de segurança para quem ficou para trás. Defendem, isso sim, um modelo descentralizado e com porta de saída, em vez de esmolas populistas que prejudicam a própria democracia.
Bom mesmo era entregar o país nas mãos de um puta empresário. Tipo o Eike. Ou o presidente da Gol. Esse daí é um gênio. “Acabou essa festa de todo mundo ganhar barrinha de cereal. Agora você tem que pagar por ela. E caro.” É disso que o Brasil precisa: de um bom CEO, com MBA no exterior, que manje de marketing, “people management” e Excel. Vou ligar para o Eike. Vai que ele topa. Acho que hoje em dia ele topa.
Aqui a ironia do autor fica mais aparente. Mas o tiro sai pela culatra. O mercado não funciona bem por causa de Eike Batista, e sim pelo seu mecanismo impessoal de incentivos. Eike, que acima de tudo é exemplo do capitalismo de estado, não do liberalismo, vai à bancarrota se não entregar os resultados prometidos. A eficiência está no processo, não na genialidade de um ou outro empresário.
Se o controle do país fosse colocado hoje nas mãos do melhor empresário do mundo, isso não resolveria nossos problemas. Ao brincar com tal hipótese, o autor, sem se dar conta, cai na falácia dos intervencionistas, em busca do messias salvador.
A solução não está em quem comanda a economia, mas em como ela funciona. É preciso muito mais liberdade econômica, pois somente assim as coisas funcionarão melhor. No exemplo bobo citado pelo autor, a Gol cortar a barrinha de cereal é parte do mecanismo de tentativa e erro do mercado.
Se o consumidor tiver alternativa, em ambiente de concorrência, ele poderá escolher o que lhe atende melhor: serviço mais simples e barato, ou mais luxuoso e caro. O mercado costuma atender com mais eficiência as diferentes preferências subjetivas dos clientes.
Portanto, o que o Brasil precisa não é de um puta empresário, com MBA em marketing no exterior; e sim de mais liberdade econômica, para que os melhores empreendedores possam emergir no processo de criação destruidora do mercado. Não sabemos ainda quem eles são e, uma vez no topo, não há garantia alguma de que lá permanecerão. Eis a grande vantagem da livre concorrência…
A gente não é a nova direita, até porque a gente não acredita nessa coisa de esquerda e direita. As pessoas dizem isso só porque a gente defende o Estado mínimo. É claro que a gente defende: tudo o que é privado funciona. Tudo o que é público é uma droga.
Nem tudo que é privado funciona, nem tudo que é público é uma droga. Mas quase sempre o setor privado vai ser melhor do que o setor público. Alguns serviços simplesmente não devem ficar a cargo da lei de oferta e demanda com base no lucro, como a polícia. Mas estado empresário é absurdo, e nunca funciona bem.
Pensa bem: o mundo não seria muito melhor se fosse uma grande empresa, com wi-fi, coffee break e um bom termostato? Não existe nada mais deprimente que uma repartição pública. Ou que o piscinão do Sesc.
Todo mundo sabe que os melhores hospitais são os privados: o médico ganha melhor e o paciente é mais bem tratado. Quem sai perdendo com a privatização da saúde? O PT, que ganha uma baba com essa festa da uva que é a saúde pública. Iam perder essa bocada. Pior para eles. E para os médicos da saúde pública, que hoje em dia estão de papo para o ar e do dia para noite teriam que trabalhar que nem todo mundo.
A educação é a mesma coisa. Só mesmo privatizando para acabar com a farra dos professores. Precisava de um bom Roberto Justus para dizer: você está demitido. Duvido que ia ser essa festa –você já viu a Coca-Cola entrar em greve? Não entra. O que falta na educação é alguém para fazer a limpa e deixar só quem presta.
A meritocracia sem dúvida é uma das principais armas do setor privado, uma grande vantagem em relação ao setor público. Demitir professores incompetentes e premiar os melhores seria um caminho fundamental para melhorar a qualidade do ensino no país. Realmente, a Coca-Cola não entra em greve, e seria bom o autor e seus leitores realmente refletirem sobre os motivos…
Aí vocês me perguntam: e aqueles que não podem pagar por educação ou por saúde? De repente, isso é bom para dar uma sacudida neles. O mundo é meritocrático. O que isso significa? Significa que eu não ralei a bunda por cinco anos numa faculdade privada das 9 às 5 da tarde pegando trânsito todo dia e tendo que fazer matérias que eu não queria, algumas inclusive de religião, para botar os meus filhos na mesma escola que o filho do motoboy que levou o meu retrovisor.
Agora, se o motoboy tiver que pagar caro pelos serviços, tudo muda. Ele pensa: “Eu tenho que trabalhar, senão não vou enriquecer, senão meu filho com leucemia não vai ter tratamento”. Resultado: desemprego zero. Crescimento a toque de caixa. Não adianta: sem a obrigação de trabalhar, o povo não trabalha.
Meritocracia é mesmo crucial, assim como a noção de responsabilidade individual. Não há dúvida de que é injusto forçar aquele que ralou, correu atrás, dedicou-se com afinco para subir na vida, a pagar pelas benesses do outro que seguiu outro caminho.
Claro que nem todos que ficam para trás são vagabundos. Há poucas oportunidades para essa gente, em boa parte por culpa do próprio governo intervencionista e paternalista. Em um ambiente liberal, haveria muito mais oportunidade para os mais pobres, como ocorre nos países mais capitalistas.
Mas a grande maioria dos liberais, ainda que saibam dos efeitos perversos do welfare state, não chegam a pregar a abolição total de uma rede de segurança para quem ficou para trás. Defendem, isso sim, um modelo descentralizado e com porta de saída, em vez de esmolas populistas que prejudicam a própria democracia.
Bom mesmo era entregar o país nas mãos de um puta empresário. Tipo o Eike. Ou o presidente da Gol. Esse daí é um gênio. “Acabou essa festa de todo mundo ganhar barrinha de cereal. Agora você tem que pagar por ela. E caro.” É disso que o Brasil precisa: de um bom CEO, com MBA no exterior, que manje de marketing, “people management” e Excel. Vou ligar para o Eike. Vai que ele topa. Acho que hoje em dia ele topa.
Aqui a ironia do autor fica mais aparente. Mas o tiro sai pela culatra. O mercado não funciona bem por causa de Eike Batista, e sim pelo seu mecanismo impessoal de incentivos. Eike, que acima de tudo é exemplo do capitalismo de estado, não do liberalismo, vai à bancarrota se não entregar os resultados prometidos. A eficiência está no processo, não na genialidade de um ou outro empresário.
Se o controle do país fosse colocado hoje nas mãos do melhor empresário do mundo, isso não resolveria nossos problemas. Ao brincar com tal hipótese, o autor, sem se dar conta, cai na falácia dos intervencionistas, em busca do messias salvador.
A solução não está em quem comanda a economia, mas em como ela funciona. É preciso muito mais liberdade econômica, pois somente assim as coisas funcionarão melhor. No exemplo bobo citado pelo autor, a Gol cortar a barrinha de cereal é parte do mecanismo de tentativa e erro do mercado.
Se o consumidor tiver alternativa, em ambiente de concorrência, ele poderá escolher o que lhe atende melhor: serviço mais simples e barato, ou mais luxuoso e caro. O mercado costuma atender com mais eficiência as diferentes preferências subjetivas dos clientes.
Portanto, o que o Brasil precisa não é de um puta empresário, com MBA em marketing no exterior; e sim de mais liberdade econômica, para que os melhores empreendedores possam emergir no processo de criação destruidora do mercado. Não sabemos ainda quem eles são e, uma vez no topo, não há garantia alguma de que lá permanecerão. Eis a grande vantagem da livre concorrência…
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