As contas da inflação
FSP
Inflação em queda lenta e economia em ritmo igual ao deste ano são as
conclusões pouco animadoras do último relatório trimestral de inflação
de 2013 divulgado pelo Banco Central. Há, pelo menos, a expectativa
positiva de que os juros parem de subir em breve.
As projeções apontam para alta de preços de 5,6% em 2014 e 5,3% em 2015.
É uma convergência modesta em direção à meta de 4,5%, resultado
frustrante quando se considera que a previsão de crescimento foi
reduzida ainda mais, de 2,5% para 2,3% neste ano, patamar que deve se
repetir em 2014.
São conhecidos os riscos inflacionários: retomada internacional,
expansão de gastos públicos e necessidade de corrigir alguns preços
controlados pelo governo.
Do lado externo, a diminuição dos estímulos monetários nos EUA não
provocou por ora o sobressalto que se temia. Mas, caso se confirme a
recuperação da economia americana, o fluxo de dólares em direção àquele
país afetará o câmbio dos emergentes.
Verdade que o Banco Central tem amenizado o impacto inflacionário de um
real mais desvalorizado. As intervenções no mercado cambial, entretanto,
já atingem quase US$ 100 bilhões e devem prosseguir até meados de 2014,
ao ritmo de US$ 200 milhões por dia.
No campo dos gastos públicos, a expectativa do BC é que tenham menor
impacto nos preços em 2014 --aposta otimista, para não dizer irrealista,
num ano eleitoral.
Por outro lado, o relatório afirma que o governo precisa assegurar
superavit primário (economia feita para pagar juros da dívida) da ordem
de 2% do PIB nos próximos anos. É o montante necessário para a dívida
pública não crescer e para evitar um rebaixamento da nota de crédito do
país.
Quanto aos preços administrados, estima-se que a inflação seria elevada
em um ponto percentual caso o governo permitisse a correção das tarifas
de energia e combustíveis --o que cedo ou tarde precisará fazer.
Cenário difícil, portanto. O Banco Central, ainda assim, prefere
mencionar a influência gradual que a política monetária tem sobre a
economia. O custo mais alto do dinheiro --a taxa básica, Selic, já subiu
2,75 pontos percentuais-- afeta primeiro as decisões de consumo e
investimento; somente depois se reflete nos preços.
São indicações de que os juros devem estacionar no primeiro trimestre,
em torno de 10,5%. Infelizmente, permanecem muito acima do padrão
mundial.
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