O aumento do IPI-Autos é apenas parte do problema
O Estado de S.Paulo
A indústria automobilística apresentou um comportamento
muito favorável na última década - e acusou um leve recuo neste
semestre. Em outubro e novembro, houve queda na produção e nas vendas de
veículos nacionais, situação que persistia neste mês. Mas, na
comparação entre períodos de 12 meses, o recuo é inferior a 1%, ou seja,
não se altera a posição do Brasil entre os quatro maiores mercados
consumidores e entre os sete maiores produtores de veículos do mundo.
Por isso a elevação das alíquotas do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI-Autos), a partir de 1.º de janeiro, não deverá ser
a causa principal de uma desaceleração de mercado, que já ocorria na
vigência do IPI reduzido.
Na semana que vem, as alíquotas de IPI serão de 3%, para os veículos
com motor de até mil cilindradas; e de 9%, para os veículos com potência
de mil até 2 mil cilindradas; chegando a 10% para veículos movidos
apenas a gasolina.
Trata-se, portanto, de uma elevação de 1 a 2 pontos porcentuais, que,
no caso dos automóveis populares, significará uma pequena alta de
preços, com alteração na prestação mensal em valor inferior ao de um
filé mignon. A alíquota para veículos com potência superior a 2 mil
cilindradas não muda.
Mais provável é que o impacto da alta do IPI ocorra em 1.º de julho,
quando está prevista a elevação das alíquotas dos autos entre 2 e 4
pontos porcentuais (a maior alta para os populares, de 3% para 7%).
A indústria automobilística recebeu um tratamento excepcional do
governo do PT. Até que, na semana passada, foi mantida a obrigatoriedade
de implantar airbags e freio ABS em todas as linhas, em 2014. Também
nesse caso o impacto da alta nas prestações será pequeno.
O retorno à tributação anterior do IPI se impôs por causa do
agravamento da situação fiscal e do aparente esgotamento desse
instrumento como estímulo à compra de veículos. A Receita espera
arrecadar R$ 950 milhões adicionais com o aumento do IPI, mas não sabe
quanto perderá se houver um desaquecimento das vendas - o setor
representa cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial.
O mercado de veículos reage negativamente se a inflação é alta e
afeta a renda do trabalhador, ou se o juro sobe, encarecendo os
financiamentos. É o que está ocorrendo agora, quando não se sabe se
haverá ou não retomada da economia nos próximos meses.
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