sábado, 28 de dezembro de 2013

O aumento do IPI-Autos é apenas parte do problema 
O Estado de S.Paulo
A indústria automobilística apresentou um comportamento muito favorável na última década - e acusou um leve recuo neste semestre. Em outubro e novembro, houve queda na produção e nas vendas de veículos nacionais, situação que persistia neste mês. Mas, na comparação entre períodos de 12 meses, o recuo é inferior a 1%, ou seja, não se altera a posição do Brasil entre os quatro maiores mercados consumidores e entre os sete maiores produtores de veículos do mundo.
Por isso a elevação das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI-Autos), a partir de 1.º de janeiro, não deverá ser a causa principal de uma desaceleração de mercado, que já ocorria na vigência do IPI reduzido.
Na semana que vem, as alíquotas de IPI serão de 3%, para os veículos com motor de até mil cilindradas; e de 9%, para os veículos com potência de mil até 2 mil cilindradas; chegando a 10% para veículos movidos apenas a gasolina.
Trata-se, portanto, de uma elevação de 1 a 2 pontos porcentuais, que, no caso dos automóveis populares, significará uma pequena alta de preços, com alteração na prestação mensal em valor inferior ao de um filé mignon. A alíquota para veículos com potência superior a 2 mil cilindradas não muda.
Mais provável é que o impacto da alta do IPI ocorra em 1.º de julho, quando está prevista a elevação das alíquotas dos autos entre 2 e 4 pontos porcentuais (a maior alta para os populares, de 3% para 7%).
A indústria automobilística recebeu um tratamento excepcional do governo do PT. Até que, na semana passada, foi mantida a obrigatoriedade de implantar airbags e freio ABS em todas as linhas, em 2014. Também nesse caso o impacto da alta nas prestações será pequeno.
O retorno à tributação anterior do IPI se impôs por causa do agravamento da situação fiscal e do aparente esgotamento desse instrumento como estímulo à compra de veículos. A Receita espera arrecadar R$ 950 milhões adicionais com o aumento do IPI, mas não sabe quanto perderá se houver um desaquecimento das vendas - o setor representa cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial.
O mercado de veículos reage negativamente se a inflação é alta e afeta a renda do trabalhador, ou se o juro sobe, encarecendo os financiamentos. É o que está ocorrendo agora, quando não se sabe se haverá ou não retomada da economia nos próximos meses.

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