Acionistas vão à Justiça contra o perdão da dívida de US$ 1 bi de empresário com a OGX, acertado com credores
Minoritários são os que mais têm a perder com operação na qual estrangeiros convertem dívida em ações
RAQUEL LANDIM - FSP
Os acionistas minoritários vão entrar na Justiça contra um dos pontos do acordo selado entre Eike Batista e os credores da OGX: o perdão da dívida de US$ 1 bilhão do empresário com a petroleira.
Na véspera do Natal, os credores concordaram em assumir a OGX, trocando uma dívida que chega a US$ 5,8 bilhões por ações da companhia. Também devem injetar mais US$ 200 milhões.
A operação vai significar uma diluição brutal dos acionistas minoritários, que hoje detêm 50% da empresa e vão ficar com 5%. Eike, que é dono dos outros 50%, manterá 9,4%, porque tem direito a uma fatia que caberá ao estaleiro OSX como credor.
Segundo o comunicado divulgado pela empresa, Eike, no entanto, se livra da chamada "put" --um compromisso que assumiu de injetar US$ 1 bilhão na companhia se fosse necessário.
A "put" foi prometida no dia 24 de outubro de 2012, quando a situação da OGX começava a se deteriorar. Em setembro deste ano, a administração da petroleira solicitou parte do dinheiro, mas Eike se recusou.
"A put' é uma obrigação do Eike com a empresa e conosco, que somos os acionistas minoritários. Os credores ainda não são os donos da OGX e não podem perdoar essa dívida. Isso é inaceitável", disse o economista Aurélio Valporto, um dos minoritários da petroleira.
"Se Eike tivesse colocado o dinheiro, a OGX não teria entrado em recuperação judicial, não haveria acordo com os credores nem diluição dos minoritários", concorda o programador Maurício Nahas, que também possui ações da empresa.
Ele lembra que o valor da "put" é muito superior aos US$ 200 milhões que os credores vão injetar para manter as operações da companhia no ano que vem.
Fontes próximas a Eike ouvidas pela Folha dizem que "a put' foi concedida à OGX, e não aos minoritários, sem contrapartida da empresa". A avaliação do empresário é que a injeção de recursos estava vinculada a um plano de negócios, que foi totalmente abandonado.
Procurada, a OGX, que mudou seu nome recentemente para OGP, não se manifestou.
AÇÕES SOBEM
Apesar da expressiva diluição dos minoritários, o mercado reagiu bem ao acordo da OGX com os credores internacionais.
As ações da empresa, que chegaram a subir 31,6%, fecharam com alta de 15,8%, a R$ 0,22. O valor muito baixo dos papéis, no entanto, magnifica as variações.
Para investidores, a empresa não tinha outra alternativa e quebraria no fim de janeiro sem o acordo.
Os papéis da OSX, que também está em recuperação judicial, fecharam em alta de 34,8%, cotados a R$ 0,62.
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