Nenhuma ajuda vista em cidade síria apesar de acordo para retirada de barreiras
Anne Barnard - NYTA cidade síria de Moadhamiya, controlada pelos rebeldes, hasteou a bandeira do governo em seu prédio mais alto no pós-Natal, como parte de um acordo provisório de trégua, uma vitória simbólica para o governo, que mantém a cidade bloqueada há quase um ano, impedindo a entrada de alimentos e medicamentos.
Segundo ativistas antigoverno na cidade e outros familiarizados com o acordo, as autoridades de segurança do governo prometeram em troca trazer alimentos preparados para a cidade, onde médicos e ativistas dizem que pelo menos uma dúzia de pessoas já morreu por desnutrição.
Mas em uma indicação da dificuldade de acertar e manter esses pactos em uma atmosfera de profunda desconfiança, até a noite de quinta-feira (26) nenhum alimento tinha sido entregue, os rebeldes na cidade eram acusados por companheiros de outros lugares de acertarem o acordo por dinheiro e o cessar-fogo planejado de 48 horas parecia ameaçado por choques entre combatentes do governo e rebeldes.
Nos últimos meses, o governo intensificou a estratégia de buscar acordos de cessar-fogo locais de pequena escala, ao mesmo tempo que continua bombardeando as áreas mantidas pelos rebeldes e a perspectiva de um acordo de paz abrangente parece remota.
Rebeldes e ativistas em Moadhamiya disseram que estavam sob imensa pressão dos 8.000 civis ali --apoiadores do governo colocam o número em cerca de 3.000-- para aceitar o acordo, apesar da suspeita deles de que era um truque. Eles também disseram acreditar que as refeições diárias preparadas, em vez de alimentos a granel que poderiam proporcionar muitas refeições, estavam sendo oferecidos como uma forma de controlar a cidade, sob a ameaça de suspensão da entrega.
O governo diz que os civis estão sendo mantidos como reféns pelos combatentes, enquanto os ativistas dali dizem que o governo está usando a fome como arma de guerra contra a cidade, que é vizinha de Damasco, a capital da Síria e uma cidade controlada pelo governo.
Os combatentes em Moadhamiya imploraram repetidamente para os rebeldes de outras áreas que os ajudassem a romper o cerco, mas eles enfrentam um desafio militar porque estão ensanduichados entre importantes instalações militares.
"Até este momento nós não recebemos nada", disse Qusai Zakarya, o nome de guerra de um porta-voz do conselho rebelde de Moadhamiya. "Nós estamos apenas aguardando, e todos os combatentes que nos deixaram na mão estão falando e fofocando sobre nós, sobre termos vendido Moadhamiya."
Parece haver desacordo a respeito dos termos. O porta-voz do conselho rebelde de Moadhamiya disse inicialmente que os rebeldes não concordaram em se desarmar. Mas posteriormente, ele e outros ativistas envolvidos nas negociações disseram que o governo não traria comida até que os rebeldes entregassem seus armamentos pesados e expulsassem da cidade todos aqueles que não fossem moradores legais, o que reduziria as fileiras de combatentes rebeldes.
Um membro do Parlamento sírio, George Nakhleh, disse para o canal de televisão libanês "Al Mayadeen" que depois que os rebeldes entregassem suas armas pesadas, os moradores estabeleceriam grupos armados cujo trabalho seria proteger a cidade, um acordo que soa mais como as milícias pró-governo que operam em outros lugares. Ele disse que o exército não entraria na área, mas sim a guardaria de fora.
"O exército protegerá Moadhamiya, mas dentro da cidade, os moradores a protegerão", ele disse. "Eles portarão armas e montarão barreiras para impedir a entrada de estranhos que vêm de todo o mundo para destruir nosso país."
Outro ativista que deu apenas seu primeiro nome, Ahmed, disse que os choques ocorreram enquanto forças do governo tentaram se aproximar da cidade, e os rebeldes responderam ao fogo. Ele disse que estavam tentando manter a resposta contida, para evitar uma quebra da trégua antes da chegada da comida.
"Se o regime não a trouxer, nós a quebraremos de vez e ninguém poderá nos culpar", ele disse.
Nos últimos meses, vários milhares de civis foram evacuados de Moadhamiya em acordos intermediados de cessar-fogo entre os rebeldes e o governo. Mas as tréguas breves acabaram em recriminações, como quando o bombardeio teve início enquanto os civis tentavam deixar a cidade e de novo quando os ativistas disseram que centenas de civis foram presos assim que partiram.
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