Reprovação a Haddad é similar à de Pitta e Kassab
Perto de fazer um ano no cargo, prefeito tem 18% de aprovação e 39% de rejeição
Dificuldade para recuperar popularidade perdida após protestos de junho cria riscos para petistas em 2014
RICARDO MENDONÇA - FSP
Cinco meses depois da onda de protestos que sacudiu as principais
cidades do país em junho, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT),
ainda não conseguiu recuperar nenhum ponto da popularidade que perdeu.
Prestes a completar o primeiro ano no cargo, Haddad tem índices de
reprovação similares aos que seus antecessores Celso Pitta e Gilberto
Kassab (PSD) tinham quando também estavam no fim do primeiro ano na
prefeitura.
Pesquisa feita pelo Datafolha na quinta e na sexta-feira da semana
passada mostra que Haddad tem 18% de aprovação entre os paulistanos,
mesmo índice que tinha depois do auge dos protestos.
No mesmo intervalo, o conjunto de eleitores que julga seu governo ruim
ou péssimo oscilou de 40% para 39%. Os que acham sua gestão regular
passaram de 35% para 40%.
O Datafolha ouviu 1.071 eleitores da capital na semana passada. A margem
de erro da pesquisa é de três pontos, para mais ou para menos.
Haddad tornou-se um dos alvos principais dos protestos de junho, que
começaram reivindicando a redução das tarifas de ônibus em São Paulo e o
obrigaram a cancelar o aumento decretado em maio.
Desde então, Haddad ampliou faixas exclusivas para ônibus na capital e,
num gesto simbólico de valorização do transporte coletivo, passou a ir
para o trabalho de ônibus em determinadas ocasiões.
Mas surgiram novas fontes de desgaste para a imagem do prefeito nos
últimos meses, como o aumento do IPTU (Imposto Predial e Territorial
Urbano), recém-aprovado pela Câmara Municipal.
O único consolo oferecido pela pesquisa a Haddad é o aumento de 6 pontos
em sua taxa de aprovação entre eleitores de 16 a 24 anos. É um grupo
pequeno, mas importante justamente por ter sido protagonista dos
protestos de junho. Entre os que têm mais de 60 anos, ele caiu 7 pontos.
Na comparação com seus antecessores, a situação de Haddad só não é pior
que as de Pitta em 1997 e Kassab em 2007, ambos com 15% de ótimo e bom
ao final do primeiro ano de seus mandatos.
Embora ainda tenha três anos pela frente para tentar recuperar sua
imagem, a situação política de Haddad traz preocupações imediatas para
os estrategistas do PT.
Pouco conhecido na cidade até as eleições de 2012, sua bem-sucedida
campanha foi baseada na ideia de renovação, da aposta no "homem novo"
descrito na propaganda.
É a mesma fórmula que os petistas pretendem usar no ano que vem para
tentar eleger o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, governador de São
Paulo, Estado comandado pelo PSDB desde 1995.
Assim como Haddad, que exibiu suas realizações como ministro da Educação
para se eleger prefeito, Padilha apresentará seus feitos no Ministério
da Saúde, especialmente o programa Mais Médicos.
Como Haddad, Padilha também terá a presidente Dilma Rousseff e,
principalmente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva engajados em
sua campanha eleitoral.
Mas o forte sentimento de frustração com a experiência Haddad, indicado
pelos números do Datafolha, tem tudo para ser explorado pelos
adversários do PT contra Padilha nas eleições de 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário