sexta-feira, 12 de abril de 2013

Alimento caro derruba venda de supermercados
Comércio de comida e bebidas registra primeira queda desde março de 2009
Outros ramos que recuaram foram móveis, veículos e eletrodomésticos, além de combustíveis
PEDRO SOARES - FSP
Os preços mais salgados de alimentos afastaram os consumidores das gôndolas dos supermercados. As vendas do setor tiveram a maior queda em nove anos e levaram à retração do comércio varejista como um todo em fevereiro.
Apesar do emprego e do rendimento ainda em expansão, as vendas de alimentos e bebidas caíram 2,1% em fevereiro na comparação com o mesmo mês de 2012.
Foi a primeira redução desde março 2009 e a mais intensa desde novembro de 2003, quando o país vivia uma crise cambial e de confiança.
Em relação a janeiro, a perda foi de 1%, segundo o IBGE.
O comércio, que matinha bons resultados graças ao dinamismo do mercado de trabalho, sentiu a corrosão do poder de compra com a forte alta dos alimentos e recuou 0,4% ante janeiro e 0,2% em relação a fevereiro de 2012 --primeiro resultado negativo desde novembro de 2003.
"Devido à subida de preços, acreditamos que haja uma freada da demanda das famílias por alimentos", diz Aleciana Gusmão, do IBGE.
FRETES MAIS CAROS
Com peso de 45% na pesquisa do IBGE, o setor de alimentos e bebidas determinou a retração do varejo. Outros ramos que recuaram foram os de combustíveis, móveis e eletrodomésticos e veículos --os dois últimos em resposta à expectativa da redução gradual do desconto do IPI, que acabou prorrogado.
Segundo Gusmão, o reajuste dos combustíveis também pesou nos alimentos. É que os fretes ficaram mais caros, e os alimentos, por serem transportados em grande quantidade e muitas vezes em longas distâncias, sentiram mais o impacto.
Os dados de fevereiro do comércio são um primeiro sinal de arrefecimento do consumo e vieram na contramão das expectativas do mercado.
Em dezembro, a queda das vendas também já havia surpreendido, mas houve uma retomada em janeiro.
Os preços de alimentos ainda em alta em março podem levar a uma nova retração do varejo de alimentos, segundo especialistas.
"É possível afirmar que a desaceleração do varejo em fevereiro é, ao menos em parte, explicada pela corrosão da inflação", diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista do banco Fator.
Para a consultoria LCA, a freada do comércio reflete a perda de ritmo das contratações formais e da remuneração --e, claro, a alta dos preços dos alimentos.
Já Aurélio Bicalho, do Itaú, não vê a queda "como uma tendência" nem crê que ela vá afetar os dados do PIB do primeiro trimestre.

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