segunda-feira, 27 de maio de 2013

A socialdemocracia europeia tenta combater o desemprego juvenil

Juan Gómez - El Pais                         
1º.mai.2013 - Marta Perez/EFE
Milhares se reúnem nas ruas de Barcelona (Espanha) em protesto contra o desemprego no Dia Internacional do Trabalho
Milhares se reúnem nas ruas de Barcelona (Espanha) em protesto contra o desemprego no Dia Internacional do Trabalho
Os líderes europeus da centro-esquerda pediram na quinta-feira (23) em Leipzig o aumento dos fundos para combater o desemprego juvenil. Em vários discursos durante a festiva celebração do 150º aniversário do Partido Socialdemocrata da Alemanha (SPD), tanto o presidente francês, François Hollande, como o chefe do SPD e líder da oposição alemã, Sigmar Gabriel, pediram medidas mais ambiciosas para atacar os astronômicos índices de desemprego que sofrem os jovens de países como a Espanha.
Gabriel lamentou que, "comparados com as centenas de bilhões" de euros investidos "em resgatar bancos", os "miniprogramas contra o desemprego são meras doses homeopáticas". O secretário-geral do Partido Socialista Operário Espanhol, Alfredo Pérez Rubalcaba, disse antes do ato: "Seria preciso mobilizar muito mais que os 6 bilhões de euros que a Comissão Europeia promete até 2020, porque isso não é nada".
Hollande homenageou a história democrática do SPD e desejou um iminente "novo capítulo" para a Europa unida, mas também teve palavras de reconhecimento para as reformas trabalhistas do ex-chanceler do SPD Gerhard Schröder (1998-2005), presente entre os 1.600 convidados ao célebre auditório da Gewandhaus de Leipzig. O progresso, disse o socialista francês, "exige decisões que não são fáceis", como as que Schröder tomou contra a opinião de muitos social-democratas.
Esse "senso da realidade é outra das contribuições do SPD" para a cultura política europeia. Os impopulares cortes sociais de Schröder colocaram o partido em uma crise da qual ainda não conseguiu se recuperar, mas, segundo Hollande, "permitiram que a Alemanha se adiantasse" economicamente a outros países europeus.
Nos últimos meses tornaram-se mais ácidas as relações entre o presidente Hollande e o governo da chanceler democrata-cristã Angela Merkel, que pressiona a França para que adote medidas de austeridade segundo o padrão definido por Schröder há dez anos. O Executivo alemão e o presidente do Banco Central, Jens Weidmann, se revezam para advertir sobre as tormentas que poderão cair sobre a estagnada economia francesa se Hollande não aplicar reformas drásticas.
O presidente francês pediu aos dirigentes do SPD que tenham "orgulho de sua procedência", porque é o partido que "inventou a cultura do compromisso", que ele disse ter aprendido. No entanto, lembrou em seguida que Alemanha e França "são países diferentes", para os quais não servem as mesmas receitas.
O germe do SPD, a Associação Geral de Trabalhadores Alemães (ADAV), nasceu em 1863 em Leipzig, pela mão do socialista Ferdinand Lasalle. O partido comemorou na quinta-feira com grande pompa o fato de ser a formação mais veterana da centro-esquerda na Europa continental. Participaram do ato numerosos dirigentes da social-democracia alemã e europeia, entre eles vários chefes de Estado e de governo. Também estiveram as principais autoridades do Estado alemão, como o presidente Joachim Gauck, os chefes das câmaras parlamentares e a chanceler Merkel.
Tanto Gauck, que não milita em nenhum partido, como o presidente do SPD destacaram o papel "crucial" dos socialdemocratas na história da democracia alemã. Gabriel lembrou que se trata da única formação alemã que "cometeu erros, mas nenhum do qual tivesse de se envergonhar a ponto de mudar de nome" desde que foi definido em 1890.
Os dois políticos alemães e o presidente Hollande destacaram que o SPD "escolheu vincular a democracia ao socialismo". A "ideia liberal da liberdade", explicou Gabriel, ficou "vinculada" à inspiração socialista de equiparação social e legal dos operários e outros coletivos, assim como das mulheres. Sigmar Gabriel fez uma longa revisão das figuras chaves do SPD, "filhos de costureiras e operários" que alcançaram postos de alta responsabilidade "graças à educação" universal que o SPD "defende desde o início".
Os três lembraram as palavras do dirigente social-democrata Otto Wels em 1933, quando os deputados alemães concederam plenos poderes a Adolf Hitler, com a única resistência dos 94 deputados socialdemocratas (os 81 comunistas ficaram excluídos): "Podem nos tirar a liberdade ou a vida, mas não a honra". Para Gauck, é o discurso "mais corajoso já pronunciado no Parlamento alemão".
Em Leipzig, não falaram nem a chanceler Merkel, cujo partido lidera as pesquisas para as eleições de setembro, nem seu rival social-democrata.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves 

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