Sandrine Morel - Le Monde
Convencida de que é de fora que virá a solução para a crise, Madri tem feito várias reformas para atrair investidores, facilitar a internacionalização das empresas, ajudar os jovens a irem trabalhar na Alemanha, ou incentivar os estrangeiros a comprarem uma casa na Espanha.
Na sexta-feira (24), o conselho de ministros aprovou uma medida que visa conceder vistos de residência na Espanha em troca da compra de um imóvel de valor superior a 500 mil euros ou do investimento de 2 milhões de euros em bônus do Tesouro, sem que seja necessário trabalhar, contribuir para a Previdência Social ou residir no país na maior parte do ano.
Essa polêmica medida já havia sido proposta no final de 2012 pelo secretário de Estado para o Comércio, Jaime García-Legaz, que havia explicado que ela beneficiaria sobretudo os russos e os chineses. A ideia, na época, era dar o visto de residência àqueles que comprassem um imóvel de 160 mil euros ou mais, um montante que o governo reviu para cima.
"O que estamos fazendo não é nem mais nem menos do que estão fazendo outros países de nosso círculo para atrair investimentos", se defendeu a vice-presidente do governo, na sexta-feira. Soraya Sáenz de Santamaría cita os exemplos de Portugal, do Reino Unido e da Irlanda, que adotaram medidas similares.
Para "os investidores que realizam um investimento econômico significativo ou destinado a projetos empresariais considerados de interesse geral", com criação de empregos ou inovação científica e tecnológica, essa medida é "oportuna", afirmou a número dois do Executivo conservador, pois esses investimentos "contribuem para a riqueza do país".
Para o governo, a ideia é primeiramente dar um estímulo a um mercado imobiliário moribundo e oferecer uma saída para os 3,4 milhões de moradias vagas espalhadas em solo espanhol, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas. Herdados da bolha imobiliária, quando a Espanha construía mais que a Alemanha e a França juntas, esses bens pesam bastante no balanço dos bancos, que são obrigados a realizar grandes provisões para cobrir os riscos de desvalorização desses ativos que eles obtiveram com as inúmeras falências de incorporadoras.
Consequentemente, o estoque de imóveis encalhados é impressionante e estagnou o setor da construção civil. No primeiro trimestre de 2013, o volume de transações no setor imobiliário recuou 21,5%, em relação ao mesmo período em 2012. Pouco mais de 50 mil compras e vendas foram realizadas nesse período de tempo, segundo o ministério da Infraestrutura. A crise, o desemprego, a queda do poder de compra dos espanhóis, bem como o fim das vantagens fiscais imposto por Bruxelas, explicam essa estagnação.
Nesse contexto depressivo, o único raio de esperança vem dos estrangeiros, que são responsáveis por 15% das operações imobiliárias, ou seja, 5% a mais que um ano atrás. Britânicos, russos e noruegueses gostam particularmente das oportunidades na Costa Blanca, onde os preços caíram em média quase 40% em cinco anos.
Oferecer o visto de residência espanhol, que lhes abrirá o direito à escolaridade dos filhos, ao acesso ao sistema público de saúde e à livre circulação na União Europeia deve acelerar essa tendência.
Tradução: UOL
Na sexta-feira (24), o conselho de ministros aprovou uma medida que visa conceder vistos de residência na Espanha em troca da compra de um imóvel de valor superior a 500 mil euros ou do investimento de 2 milhões de euros em bônus do Tesouro, sem que seja necessário trabalhar, contribuir para a Previdência Social ou residir no país na maior parte do ano.
Essa polêmica medida já havia sido proposta no final de 2012 pelo secretário de Estado para o Comércio, Jaime García-Legaz, que havia explicado que ela beneficiaria sobretudo os russos e os chineses. A ideia, na época, era dar o visto de residência àqueles que comprassem um imóvel de 160 mil euros ou mais, um montante que o governo reviu para cima.
Medida "oportuna"
Na época, essa proposta suscitou inúmeras críticas de associações de imigrantes, que a haviam considerado "discriminatória", da oposição socialista, que havia acusado o governo de "vender vistos de residência" e da extrema esquerda, que havia alertado sobre riscos de "lavagem de dinheiro por parte de máfias internacionais" e de uma "reativação da bolha imobiliária"."O que estamos fazendo não é nem mais nem menos do que estão fazendo outros países de nosso círculo para atrair investimentos", se defendeu a vice-presidente do governo, na sexta-feira. Soraya Sáenz de Santamaría cita os exemplos de Portugal, do Reino Unido e da Irlanda, que adotaram medidas similares.
Para "os investidores que realizam um investimento econômico significativo ou destinado a projetos empresariais considerados de interesse geral", com criação de empregos ou inovação científica e tecnológica, essa medida é "oportuna", afirmou a número dois do Executivo conservador, pois esses investimentos "contribuem para a riqueza do país".
Para o governo, a ideia é primeiramente dar um estímulo a um mercado imobiliário moribundo e oferecer uma saída para os 3,4 milhões de moradias vagas espalhadas em solo espanhol, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas. Herdados da bolha imobiliária, quando a Espanha construía mais que a Alemanha e a França juntas, esses bens pesam bastante no balanço dos bancos, que são obrigados a realizar grandes provisões para cobrir os riscos de desvalorização desses ativos que eles obtiveram com as inúmeras falências de incorporadoras.
Os preços caíram mais 12,8% em 2012
Eles também pesam sobre o Estado, que criou um "bad bank" e comprou de volta os ativos tóxicos dos estabelecimentos financeiros nacionalizados e no momento está esperando para recuperar os 40 bilhões de euros em ajuda que ele lhes pagou. Sem esquecer o mercado imobiliário, que vê os preços degringolarem entre uma oferta abundante e uma demanda moribunda. Segundo o Eurostat, na Espanha, os preços da moradia caíram ainda mais 12,8% em 2012. E segundo o Ministério da Infraestrutura, eles caíram 27,7% desde o estouro da bolha imobiliária em 2008.Consequentemente, o estoque de imóveis encalhados é impressionante e estagnou o setor da construção civil. No primeiro trimestre de 2013, o volume de transações no setor imobiliário recuou 21,5%, em relação ao mesmo período em 2012. Pouco mais de 50 mil compras e vendas foram realizadas nesse período de tempo, segundo o ministério da Infraestrutura. A crise, o desemprego, a queda do poder de compra dos espanhóis, bem como o fim das vantagens fiscais imposto por Bruxelas, explicam essa estagnação.
Nesse contexto depressivo, o único raio de esperança vem dos estrangeiros, que são responsáveis por 15% das operações imobiliárias, ou seja, 5% a mais que um ano atrás. Britânicos, russos e noruegueses gostam particularmente das oportunidades na Costa Blanca, onde os preços caíram em média quase 40% em cinco anos.
Oferecer o visto de residência espanhol, que lhes abrirá o direito à escolaridade dos filhos, ao acesso ao sistema público de saúde e à livre circulação na União Europeia deve acelerar essa tendência.
Tradução: UOL
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