Liz Alderman -IHT
6.fev.2013 - John Kolesidis/Reuters
População se espreme para pegar frutas e vegetais distribuídos gratuitamente por agricultores durante protesto na Grécia
"Apenas cinco euros, apenas cinco euros", sussurrava Maria, uma jovem prostituta com bochechas cavadas e cabelo sujo, ao se oferecer saindo das sombras de um beco coberto de pichações no centro de Atenas, em uma noite recente.
Enquanto o vento soprava pedaços de papel e lixo pela calçada encardida, Angelos Tzortzinis, um fotógrafo grego, viu Maria baixar seu preço para o equivalente a aproximadamente US$ 6,50. Maria --apenas um pseudônimo-- esperava conseguir dinheiro para comida e para uma nova droga barata, mas perigosa, que surgiu nas ruas durante a crise da Grécia, capaz de eliminar seu sofrimento mesmo que apenas por um momento.
Com o país caminhando para seu quinto ano de depressão econômica e com o desemprego próximo de 60% para os jovens, um número cada vez maior de mulheres e homens está oferecendo seu corpo por quase nada para conseguir algum dinheiro. Segundo o Centro Nacional para Pesquisa Social, o número de pessoas se prostituindo aumentou 150% nos últimos dois anos.
Muitas prostitutas estão se vendendo por apenas 10 a 15 euros, preço que caiu com a renda dos clientes atingidos pela crise. Muito mais prostitutas estão correndo maiores riscos de saúde fazendo sexo sem proteção, que é vendido por um ágio. Ainda mais se sujeitam a violência e estupro.
Agora surgiu uma nova ameaça: um tipo de cristal de metanfetamina chamado shisha (devido ao cachimbo de água turco), mas também conhecido como cocaína dos pobres, produzido a partir de barbitúricos e outros ingredientes --incluindo água, cloro e ácido de bateria.
Uma dose de shisha, produzida em laboratórios improvisados ao redor de Atenas, custa de 3 a 4 euros. As doses vêm na forma de uma bola de 10 miligramas, o que deixa os usuários à procura de doses ao longo de todo o dia. Eles incluem prostitutas, fotografadas por Tzortzinis em um bairro decadente no centro de Atenas chamado Omonia, ao lado de uma grande delegacia de polícia.
A shisha é frequentemente fumada. Mas também está cada vez mais sendo tomada de modo intravenoso. Devido aos produtos químicos cáusticos que contém, um número crescente de usuários vai parar nos hospitais. Especialistas em saúde dizem que as injeções também estão contribuindo para um aumento alarmante dos casos de HIV na Grécia, que cresceram mais de 50% no ano passado em relação a 2011, segundo o Centro Grego de Monitoramento de Drogas.
Restando pouco dinheiro nos cofres do governo e com um programa de austeridade em vigor até que a Grécia pague centenas de bilhões de euros de resgate, programas de saúde, tratamento e assistência social foram fortemente reduzidos.
Isso deixa os problemas nas mãos da polícia grega. Em batidas diárias, os policiais de uma delegacia próxima detêm prostituas e as mantêm à noite nas celas. Lá, elas ficam fora do alcance da droga, mas também isoladas de qualquer tipo de assistência.
Para Tzortzinis, que cresceu na área, ver mulheres se vendendo por apenas 5 euros acentua um dos muitos horrores da crise grega. "Essas mulheres precisam de ajuda", ele disse. "Mas elas não podem ajudar a si mesmas. Ninguém as está ajudando."
Tradutor: George El Khouri Andolfato
População se espreme para pegar frutas e vegetais distribuídos gratuitamente por agricultores durante protesto na Grécia
"Apenas cinco euros, apenas cinco euros", sussurrava Maria, uma jovem prostituta com bochechas cavadas e cabelo sujo, ao se oferecer saindo das sombras de um beco coberto de pichações no centro de Atenas, em uma noite recente.
Enquanto o vento soprava pedaços de papel e lixo pela calçada encardida, Angelos Tzortzinis, um fotógrafo grego, viu Maria baixar seu preço para o equivalente a aproximadamente US$ 6,50. Maria --apenas um pseudônimo-- esperava conseguir dinheiro para comida e para uma nova droga barata, mas perigosa, que surgiu nas ruas durante a crise da Grécia, capaz de eliminar seu sofrimento mesmo que apenas por um momento.
Com o país caminhando para seu quinto ano de depressão econômica e com o desemprego próximo de 60% para os jovens, um número cada vez maior de mulheres e homens está oferecendo seu corpo por quase nada para conseguir algum dinheiro. Segundo o Centro Nacional para Pesquisa Social, o número de pessoas se prostituindo aumentou 150% nos últimos dois anos.
Muitas prostitutas estão se vendendo por apenas 10 a 15 euros, preço que caiu com a renda dos clientes atingidos pela crise. Muito mais prostitutas estão correndo maiores riscos de saúde fazendo sexo sem proteção, que é vendido por um ágio. Ainda mais se sujeitam a violência e estupro.
Agora surgiu uma nova ameaça: um tipo de cristal de metanfetamina chamado shisha (devido ao cachimbo de água turco), mas também conhecido como cocaína dos pobres, produzido a partir de barbitúricos e outros ingredientes --incluindo água, cloro e ácido de bateria.
Uma dose de shisha, produzida em laboratórios improvisados ao redor de Atenas, custa de 3 a 4 euros. As doses vêm na forma de uma bola de 10 miligramas, o que deixa os usuários à procura de doses ao longo de todo o dia. Eles incluem prostitutas, fotografadas por Tzortzinis em um bairro decadente no centro de Atenas chamado Omonia, ao lado de uma grande delegacia de polícia.
A shisha é frequentemente fumada. Mas também está cada vez mais sendo tomada de modo intravenoso. Devido aos produtos químicos cáusticos que contém, um número crescente de usuários vai parar nos hospitais. Especialistas em saúde dizem que as injeções também estão contribuindo para um aumento alarmante dos casos de HIV na Grécia, que cresceram mais de 50% no ano passado em relação a 2011, segundo o Centro Grego de Monitoramento de Drogas.
Restando pouco dinheiro nos cofres do governo e com um programa de austeridade em vigor até que a Grécia pague centenas de bilhões de euros de resgate, programas de saúde, tratamento e assistência social foram fortemente reduzidos.
Isso deixa os problemas nas mãos da polícia grega. Em batidas diárias, os policiais de uma delegacia próxima detêm prostituas e as mantêm à noite nas celas. Lá, elas ficam fora do alcance da droga, mas também isoladas de qualquer tipo de assistência.
Para Tzortzinis, que cresceu na área, ver mulheres se vendendo por apenas 5 euros acentua um dos muitos horrores da crise grega. "Essas mulheres precisam de ajuda", ele disse. "Mas elas não podem ajudar a si mesmas. Ninguém as está ajudando."
Tradutor: George El Khouri Andolfato
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