Kate Dailey - NYT
A humilde fita cassete, uma lembrança feliz de muitos fãs de música de certa idade, está de volta graças a uma empresa canadense.
O primeiro pedido veio em 1989: dez fitas cassete. Com isso teve início a Analogue Media Technologies, uma empresa criada para ajudar bandas a comercializarem sua música.
Os músicos traziam as gravações master finalizadas e as artes, e a Analogue, atualmente também chamada de Duplication.ca, transformava esses materiais em álbuns bem produzidos, completos com rótulos, arte de capa e notas de encarte, prontos para venda ou distribuição.
"Nós mudávamos os produtos dependendo do que estava na moda ou de acordo com a demanda", diz Denise Gorman, proprietária de parte da empresa com sede em Montréal.
Tudo começou com cassetes e vinil, mas então as tendências mudaram para CDs, depois para DVDs e discos Blu-ray.
Agora, eles estão voltando para a mídia que deu início a tudo.
"Nós voltamos às fitas cassete como uma das principais atrações", diz Gorman.
A Analogue diz agora que gravações em fita cassete representam 25% dos negócios. Isso é uma mudança e tanto em comparação a cinco anos atrás, quando as fitas cassete pareciam seguir o caminho do falecido cartucho de oito pistas –o formato de música que foi popular nos anos 60 e 70.
Fiscalmente seguro
Os puristas de áudio adoram o som analógico das fitas cassete clássicas.
"Digital sempre será uns e zeros", diz Fernando Baldeon, um consultor de vendas da Analogue. "O som analógico ainda é o melhor som de uma gravação."
O vinil, o queridinho dos puristas, tem esse som, mas também um preço caro –14,10 dólares canadenses (US$ 13,80) para a gravação de cem unidades, em comparação a 1,29 dólar canadense pelas fitas cassete. Apesar de as fitas cassete ainda serem ligeiramente mais caras de produzir do que CDs, elas agregam valor para muitas bandas que Baldeon chama de "lo-fi": grupos de punk, hip-hop, metal e experimentais.
"Claramente existem os MP3", diz Craig Proulx, sócio da gravadora Bruised Tongue, com sede em Ottawa. "Eu entendo. Eu tenho um iPhone. Mas qual é a graça disso?"
A Bruised Tongue produz principalmente bandas punk, e Proulx diz que a estética 'faça você mesmo' da música se encaixa bem nas fitas cassete. Mas a decisão para ele não é apenas artística, é financeira.
"No passado, eu prensava os discos eu mesmo e só me causavam problema", ele diz.
O número mínimo necessário de discos para completar uma encomenda pequena ainda era muito grande para ele vender. Fitas cassete podem ser feitas de modo mais rápido e barato sem uma despesa inicial muito alta.
"Trabalhando em uma esfera local, lançar fitas cassete é o que faz sentido."
Apelo global
Proulx diz fazer parte de uma comunidade internacional de produtores de música locais e fãs do 'faça você mesmo' que estão se voltando para as fitas cassete para divulgar sua música.
E, de fato, a Analogue está atendendo pedidos de todo o mundo.
Ela domina o mercado no Canadá e atrai clientes estrangeiros, até mesmo de lugares como os Estados Unidos, onde outras empresas oferecem serviços de duplicação de fitas cassete. Mas por ser uma empresa pequena, a Analogue consegue oferecer mais flexibilidade e resposta mais rápida do que alguns concorrentes.
"Empresas pequenas estão em uma posição única para tirar proveito de tendências por poderem agir rapidamente", diz Helena Yli-Renko, professora associada de empreendedorismo do Centro Lloyd Greif para Estudos Empresariais da Universidade do Sul da Califórnia.
Elas também estão mais bem posicionadas para atender a um nicho de mercado, ela diz. Empresas pequenas como a Analogue podem obter grandes lucros ao atender a um nicho –lucros que poderiam ser desprezíveis para um conglomerado imenso trabalhando com grandes clientes.
O truque é saber como explorar essas tendências de nicho, ao mesmo tempo ciente de que podem sair de moda na semana seguinte, substituídas por garotos pedindo por sua música em pen drives ou por códigos digitais para download impressos em discos de frisbee.
"Ninguém deseja entrar no negócio de imaginar o relógio andando para trás e isto se transformar em um fenômeno permanente", diz Paul Kedrosky, um membro sênior da Fundação Kauffman, uma organização sem fins lucrativos que oferece programas para futuros empresários.
Mantendo o curso
"Quando pequenas empresas pensam a respeito de oportunidades como esta, o primeiro teste é: Isto está de acordo com o que fazemos como empresa? Isso atende às necessidades do mesmo consumidor?", pergunta Yki-Renko.
A resposta é sim, no caso da Analogue. Ao servir bem os clientes existentes, ela pode expandir sua clientela.
"Nós somos indicados com frequência", diz Gorman. "Na Austrália e no Japão, nós vemos de repente muitos pedidos ao mesmo tempo." Como os clientes se encontram em comunidades unidas, a notícia se espalha rapidamente assim que uma banda encontra uma fonte confiável do produto de nicho que precisa.
Mesmo assim, é difícil dizer por quanto tempo uma empresa pode contar com a receita de uma moda.
Kedrosky diz que as empresas que lucram com uma nova tendência tendem a se perguntar se é algo passageiro ou evidência de algo mais fundamental. "Se for apenas uma moda que desaparecerá em seis meses, você não vai querer investir demais", ele diz.
Como a Analogue começou como uma empresa que gravava fitas cassete, ela está bem posicionada para explorar essa moda sem ter que investir em novos equipamentos ou em estoque.
Michelle Gorman diz que enquanto as bandas quiserem um formato de mídia para sua música, a Analogue estará preparada para atender a próxima tendência.
"Eu não sei qual será a próxima coisa que vai decolar, mas estaremos preparados para isso", ela diz. "É como eu trabalho. Nós atendemos o que o cliente quiser. É assim que tentamos agradar nossa clientela e é como oferecemos os melhores produtos. Nós damos a eles o que querem, e dispomos de ferramentas para isso."
Tradutor: George El Khouri Andolfato
O primeiro pedido veio em 1989: dez fitas cassete. Com isso teve início a Analogue Media Technologies, uma empresa criada para ajudar bandas a comercializarem sua música.
Os músicos traziam as gravações master finalizadas e as artes, e a Analogue, atualmente também chamada de Duplication.ca, transformava esses materiais em álbuns bem produzidos, completos com rótulos, arte de capa e notas de encarte, prontos para venda ou distribuição.
"Nós mudávamos os produtos dependendo do que estava na moda ou de acordo com a demanda", diz Denise Gorman, proprietária de parte da empresa com sede em Montréal.
Tudo começou com cassetes e vinil, mas então as tendências mudaram para CDs, depois para DVDs e discos Blu-ray.
Agora, eles estão voltando para a mídia que deu início a tudo.
"Nós voltamos às fitas cassete como uma das principais atrações", diz Gorman.
A Analogue diz agora que gravações em fita cassete representam 25% dos negócios. Isso é uma mudança e tanto em comparação a cinco anos atrás, quando as fitas cassete pareciam seguir o caminho do falecido cartucho de oito pistas –o formato de música que foi popular nos anos 60 e 70.
Fiscalmente seguro
Os puristas de áudio adoram o som analógico das fitas cassete clássicas.
"Digital sempre será uns e zeros", diz Fernando Baldeon, um consultor de vendas da Analogue. "O som analógico ainda é o melhor som de uma gravação."
O vinil, o queridinho dos puristas, tem esse som, mas também um preço caro –14,10 dólares canadenses (US$ 13,80) para a gravação de cem unidades, em comparação a 1,29 dólar canadense pelas fitas cassete. Apesar de as fitas cassete ainda serem ligeiramente mais caras de produzir do que CDs, elas agregam valor para muitas bandas que Baldeon chama de "lo-fi": grupos de punk, hip-hop, metal e experimentais.
"Claramente existem os MP3", diz Craig Proulx, sócio da gravadora Bruised Tongue, com sede em Ottawa. "Eu entendo. Eu tenho um iPhone. Mas qual é a graça disso?"
A Bruised Tongue produz principalmente bandas punk, e Proulx diz que a estética 'faça você mesmo' da música se encaixa bem nas fitas cassete. Mas a decisão para ele não é apenas artística, é financeira.
"No passado, eu prensava os discos eu mesmo e só me causavam problema", ele diz.
O número mínimo necessário de discos para completar uma encomenda pequena ainda era muito grande para ele vender. Fitas cassete podem ser feitas de modo mais rápido e barato sem uma despesa inicial muito alta.
"Trabalhando em uma esfera local, lançar fitas cassete é o que faz sentido."
Apelo global
Proulx diz fazer parte de uma comunidade internacional de produtores de música locais e fãs do 'faça você mesmo' que estão se voltando para as fitas cassete para divulgar sua música.
E, de fato, a Analogue está atendendo pedidos de todo o mundo.
Ela domina o mercado no Canadá e atrai clientes estrangeiros, até mesmo de lugares como os Estados Unidos, onde outras empresas oferecem serviços de duplicação de fitas cassete. Mas por ser uma empresa pequena, a Analogue consegue oferecer mais flexibilidade e resposta mais rápida do que alguns concorrentes.
"Empresas pequenas estão em uma posição única para tirar proveito de tendências por poderem agir rapidamente", diz Helena Yli-Renko, professora associada de empreendedorismo do Centro Lloyd Greif para Estudos Empresariais da Universidade do Sul da Califórnia.
Elas também estão mais bem posicionadas para atender a um nicho de mercado, ela diz. Empresas pequenas como a Analogue podem obter grandes lucros ao atender a um nicho –lucros que poderiam ser desprezíveis para um conglomerado imenso trabalhando com grandes clientes.
O truque é saber como explorar essas tendências de nicho, ao mesmo tempo ciente de que podem sair de moda na semana seguinte, substituídas por garotos pedindo por sua música em pen drives ou por códigos digitais para download impressos em discos de frisbee.
"Ninguém deseja entrar no negócio de imaginar o relógio andando para trás e isto se transformar em um fenômeno permanente", diz Paul Kedrosky, um membro sênior da Fundação Kauffman, uma organização sem fins lucrativos que oferece programas para futuros empresários.
Mantendo o curso
"Quando pequenas empresas pensam a respeito de oportunidades como esta, o primeiro teste é: Isto está de acordo com o que fazemos como empresa? Isso atende às necessidades do mesmo consumidor?", pergunta Yki-Renko.
A resposta é sim, no caso da Analogue. Ao servir bem os clientes existentes, ela pode expandir sua clientela.
"Nós somos indicados com frequência", diz Gorman. "Na Austrália e no Japão, nós vemos de repente muitos pedidos ao mesmo tempo." Como os clientes se encontram em comunidades unidas, a notícia se espalha rapidamente assim que uma banda encontra uma fonte confiável do produto de nicho que precisa.
Mesmo assim, é difícil dizer por quanto tempo uma empresa pode contar com a receita de uma moda.
Kedrosky diz que as empresas que lucram com uma nova tendência tendem a se perguntar se é algo passageiro ou evidência de algo mais fundamental. "Se for apenas uma moda que desaparecerá em seis meses, você não vai querer investir demais", ele diz.
Como a Analogue começou como uma empresa que gravava fitas cassete, ela está bem posicionada para explorar essa moda sem ter que investir em novos equipamentos ou em estoque.
Michelle Gorman diz que enquanto as bandas quiserem um formato de mídia para sua música, a Analogue estará preparada para atender a próxima tendência.
"Eu não sei qual será a próxima coisa que vai decolar, mas estaremos preparados para isso", ela diz. "É como eu trabalho. Nós atendemos o que o cliente quiser. É assim que tentamos agradar nossa clientela e é como oferecemos os melhores produtos. Nós damos a eles o que querem, e dispomos de ferramentas para isso."
Tradutor: George El Khouri Andolfato
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