Concessões não reduzem custo do transporte da soja
Representante dos produtores diz que valor do frete só vai cair após obras da BR-163 no Pará, feitas pelo Dnit
Trecho no Norte abre novo corredor de exportação; licitações mantêm concentração de embarque no Sudeste
TATIANA FREITAS - FSP
A licitação de trechos do principal corredor de exportação de soja do
país não reduzirá o custo do transporte do grão, segundo produtores.
O diretor-executivo do Movimento Pró-Logística da Aprosoja (associação
dos produtores de soja de Mato Grosso), Edeon Vaz Ferreira, diz que o
valor do frete só vai cair após a pavimentação da BR-163 no Pará
--trecho que está a cargo do Dnit (Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes).
A obra, que vai de Guarantã do Norte, na divisa de Mato Grosso e Pará, a
Santarém (PA), abrirá um novo canal para a exportação da soja, pela
região Norte do país, tornando a viagem mais curta.
De Sorriso (MT), principal município produtor de soja do país, a
Santarém (PA), a oleaginosa percorrerá 1.360 quilômetros pela rodovia
até o porto paraense, de onde seguirá para os clientes no exterior. De
Sorriso a Santos, são quase 2.000 quilômetros e quatro dias de viagem.
"Com a exportação por Santarém, calculamos que o custo do frete pode
cair 34% em relação ao transporte para Santos e Paranaguá [PR]."
Já o trecho da BR-163 licitado ontem e o que será ofertado em dezembro
(Mato Grosso do Sul) formam o corredor da soja aos portos de Santos e a
Paranaguá, que continuarão concentrando os embarques.
ECONOMIA DE TEMPO
Apesar de não resolver o problema do alto custo do transporte, o leilão
de ontem foi comemorado por Ferreira. "Haverá melhora na segurança do
transporte e redução no tempo da viagem. A rodovia chega a receber 30
mil veículos por dia na safra. O índice de acidentes é alto, o que
aumenta o risco do transporte."
Até a cobrança de pedágio, hoje inexistente, não incomoda os produtores.
A redução no gasto com combustíveis e de manutenção --provocados pelas
condições ruins da estrada-- deve compensar.
Já o valor do pedágio do trecho da BR-163 em Mato Grosso do Sul, que será licitado em dezembro, preocupa.
Como a Odebrecht --vencedora do leilão de ontem-- só vai assumir a
duplicação de 50% do trecho licitado em Mato Grosso, conseguiu oferecer
uma tarifa mais baixa. Já em Mato Grosso do Sul, explica Ferreira, toda a
duplicação será feita pelo concessionário, o que pode resultar em um
deságio menor.
ATRASOS
Com conclusão inicialmente prevista para 2012, a previsão do Dnit para o
término das obras da BR-163 no Pará é dezembro de 2015. Dos cerca de
1.000 km que estão sendo pavimentados, apenas 300 km estão prontos.
O Movimento Pró-Logística já considera o prazo de 2016. Mas, a partir de
2015, o trecho até Miritituba (PA) pode estar pronto. De lá, a soja
seguirá por hidrovia até Santarém, tornando viável a exportação de ao
menos parte da produção pelo Norte.
O alto custo do transporte da soja de Mato Grosso, principal Estado
produtor, faz o produto brasileiro perder competitividade no exterior.
Enquanto neste ano o brasileiro paga US$ 133 por tonelada, em média,
para levar a soja de Sorriso a Santos, nos EUA o custo para transportar a
soja por uma distância semelhante é de US$ 33 por tonelada, segundo a
Aprosoja.
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