sábado, 30 de novembro de 2013

Continua aumentando o endividamento das famílias 
O Estado de S.Paulo
Já no encerramento do mês de novembro, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) informa que o nível de endividamento das famílias subiu para 63,2%, ou 1,1 ponto de porcentagem (p.p.) a mais do que o registrado em outubro (62,1%) e 4 p.p. a mais do que foi registrado em novembro de 2012 (59%).
Essa escalada no nível de endividamento é, aparentemente, contraditória diante dos sinais de retração do consumo e do pequeno recuo no nível de inadimplência: o porcentual de famílias com dívidas em atraso caiu para 21,2% neste mês, ante 21,6% no mês passado.
A economista da CNC Marianne Hanson ponderava, no Estado de quarta-feira, que, apesar do crédito ter-se tornado mais caro e ter havido também alguma redução no ritmo de crescimento da renda, os prazos maiores para renegociação de dívidas têm ajudado a manter a estatística de inadimplência em nível relativamente baixo. Em outras palavras, o perfil de endividamento não se reflete em inadimplência, pelo menos por enquanto.
Na prática, o nível de endividamento tem aumentado, apesar da relativa retração do consumo, porque consumidores que compraram além da conta estão agora recorrendo ao crédito pessoal para liquidar suas dívidas com as lojas e, assim, esticar o prazo de pagamento com prestações menores.
Mas, com a política de elevação dos juros que o Comitê de Política Monetária (Copom) vem adotando, com a necessidade que o governo enfrenta de reduzir suas desonerações tributárias e com a demanda crescendo em ritmo menor, e até se reduzindo em alguns setores, a perspectiva é de que aumentem as dificuldades para renegociar dívidas ou regatear compras nas lojas. E isso pode levar a um aumento da inadimplência, com o que concorda a economista da CNC. Hoje, o porcentual de famílias que se declaram incapazes de pagar suas contas ou dívidas em atraso é da ordem de 6,6%.
É preciso lembrar que a "boa dívida", isto é, os financiamentos para a compra de imóveis, que também contribuíram para a elevação das dívidas das famílias, são, por outro lado, fator de estabilidade dos níveis de inadimplência. Isso porque, se há uma dívida cujos pagamentos o devedor faz questão absoluta de manter em dia, é esta, a da compra da casa própria, que está aumentando. É mais um fator, também, de contenção ou diferimento de outros tipos de gastos domésticos.

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