quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Imprima sua arma em casa
Pistola sintética produzida por uma impressora 3D pode se tornar uma das maiores ameaças à segurança pública 
DONNA, LEINWAND - O Estado de S.Paulo
Quando, em menos de um mês, a lei americana que proíbe as armas de fogo não detectáveis, em vigor há décadas, expirar, uma arma sintética criada numa impressora 3D poderá se tornar uma ameaça à segurança nacional.
A arma produzida em casa, conhecida como Liberator .380, projetada num computador, modelada numa impressora 3D com resina plástica, poderá passar pelos equipamentos detectores de metal em tribunais, escolas, eventos esportivos e edifícios vários sem disparar nenhum sinal de alarme. Essas armas usam apenas partes mínimas de metal para a munição e um gatilho do tamanho de um prego.
A Lei de Armas de Fogo Não Detectáveis, aprovada em 1988 e emendada em 1998 e 2003, expirará à meia-noite do dia 9. A legislação, que previa que os fabricantes de armas usassem mais plástico à medida que a tecnologia evoluísse, exige que as armas tenham uma quantidade de aço suficiente para serem captadas por um detector de metais. "Deixou de ser apenas teoria", diz Earl Griffith, diretor de tecnologia de armas de fogo do Departamento federal do Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF, na sigla em inglês). "Essa lei fazia todo o sentido em 1988, quando já previa o que aconteceria no futuro."
Os senadores Bill Nelson, democrata pela Flórida, e Charles Schumer, democrata por Nova York, e o deputado Steve Israel, democrata por Nova York, propuseram uma versão atualizada que proíbe projeto, manufatura, venda, importação, exportação e posse das armas feitas em impressora 3D. O novo projeto exige que o receptor, slide e cano sejam feitos de metal. "Em 1988, a ideia de uma arma de resina modelada em 3D era coisa de ficção científica", disse Israel. "Agora, daqui a um mês, será uma realidade".
Os legisladores poderão estender a atual "proibição de armas invisíveis" ou acabar com a brecha da lei antiga, que permite fabricar uma arma de resina, perfeitamente legal, utilizando apenas alguma parte de metal. "Quando a lei caducar, os avanços realizados na modelagem em 3D tornarão o que outrora não passava de uma ameaça hipotética, uma realidade pavorosa", disse Schumer em um comunicado. "Estamos explorando todas as opções para aprovar a legislação que eliminará a ameaça de armas completamente impossíveis de serem detectadas."
A arma, projetada por Cody Wilson, da Defense Distributed, do Texas, em 2012, e depois postada na internet, foi baixada mais de 100 mil vezes antes que as autoridades federais bloqueassem o site, em maio, disseram os senadores em carta endereçada aos colegas. O projeto de Wilson inclui um bloco de metal inserido na arma, o que a torna legal de acordo com a lei atual. A arma, porém, pode ser desmontada em várias partes e o metal retirado, o que a torna ilegal e mais difícil de ser detectada, mesmo por equipamentos de segurança dotados de raio-X, disse Griffith.
Agentes do ATF criaram e testaram várias armas que utilizam projetos e qualidades diferentes de resina plástica. Impressoras sofisticadas 3D levaram de 10 a 18 horas para modelar as peças e materiais utilizados custaram de US$ 80 a US$ 170, disse Griffith. Uma arma fabricada com resina de baixa qualidade despedaçou-se depois de disparar um tiro. Uma segunda arma, feita de um material de melhor qualidade, disparou oito vezes e ficou intacta.
O tiro de uma arma de plástico provocou quase o mesmo estrago do de uma arma de metal, penetrando cerca de 27,5 centímetros no material que se assemelha ao tecido de que é feito o corpo humano. "O fato de que qualquer pessoa com o equipamento adequado possa fazer em casa uma arma que funcione plenamente com o simples clicar de um mouse é algo realmente apavorante", afirmou Nelson. "Armas como essas representam uma grave ameaça para a segurança nacional e precisamos fazer todo o possível para impedir que cheguem às ruas."
TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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