Der Spiegel
6.mai.2013 - Michael Dalder/Reuters
Beate Zschaepe, acusada de integrar grupo neonazista alemão
Dois parentes da acusada terrorista neonazista Beate Zschäpe apareceram
no tribunal durante seu julgamento nesta semana para responder
perguntas sobre seu passado.
A mulher de 39 anos é a única
suposta integrante sobrevivente da Clandestinidade Nacional-Socialista
(NSU), uma célula terrorista de extrema direita que pode ter assassinado
nove imigrantes, a maioria comerciantes (oito deles de origem turca e
um homem grego), assim como uma policial alemã, em uma onda de
homicídios que durou de 2000 até 2006.Zschäpe foi a julgamento em maio pelas acusações de cumplicidade nos dez assassinatos, assim como em dois ataques com bomba e 15 assaltos a banco. Em uma tentativa de ganhar entendimento da formação e personalidade de Zschäpe, o tribunal em Munique chamou um primo dela e a mãe para que respondessem perguntas na quarta-feira (27).
Já se sabia que o relacionamento entre mãe e filha era tenso, e as duas não mantinham contato há anos. A acusada disse, no passado, que era mais ligada à avó. Apesar da presença de Annerose Zschäpe, 61, no tribunal, ela teria evitado olhar para sua filha, que se recostou em sua cadeira e ficou olhando para a tela de seu computador.
Mas isso foi o mais longe que o encontro foi, porque a mãe fez uso de seu direito de se recusar a dar evidência na condição de parente. Ela também fez objeção ao uso de uma declaração anterior que deu à polícia em 2011, durante a investigação, que não mais será usada como evidência no julgamento.
'Ela era uma festeira'
O primo da ré, Stefan A., apesar de reticente, optou por responder às perguntas do tribunal, fornecendo detalhes sobre crescerem juntos na cidade de Jena, no leste da Alemanha. "Nós já nos inclinávamos para a direita", disse ao tribunal. "Contra o Estado, contra estrangeiros, contra a esquerda, tudo."
Naquela época, Stefan A. também tinha contato com os outros dois membros do trio terrorista, Uwe Böhnhardt e Uwe Mundlos, que se suicidaram juntos após uma tentativa fracassada de assalto a banco em novembro de 2011, que levou à descoberta por acaso do grupo. Mundlos não gostava do estilo de vida de Stefan A., ele disse. "Eu bebia e ia a festas, e ele me chamava de antissocial", disse ele no tribunal. A certa altura, Mundlos, que não mais bebia álcool e se tornou "obcecado" por campanhas políticas, rompeu contato.
A. também disse que "nunca realmente se integrou" pessoalmente à cena de extrema direita, mas descreveu como Mundlos e Böhnhardt se tornaram cada vez mais envolvidos, evitando álcool e se isolando.
Ele também descreveu um incidente no qual Mundlos atirou um pedaço de bolo em uma mulher cigana sentada na rua e depois riu.
Quanto a ela, a prima era uma mulher séria e que não permitia que ninguém a forçasse a fazer algo, disse. Hoje um operário de construção que vive na ilha espanhola de Mallorca, A. descreveu sua prima como uma "pessoa engraçada" que era "amável e simpática". Os dois nunca discutiram política, ele disse. Quando perguntado sobre quais eram os hobbies dela, ele respondeu: "Festas, beber vinho, jogar cartas. Ela era festeira". Ao ouvir isso, Zschäpe teria reagido com um sorriso.
Tradutor: George El Khouri Andolfato
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