Dados do IBGE mostram que esses jovens têm quase um ano a mais de estudo do que a média nacional
Motivos para que eles continuem na casa dos pais vão do alto custo da moradia à decisão de adiar casamento
PEDRO SOARES - FSP
Continuar a viver no conforto da casa dos pais tem sido uma opção cada
vez mais comum para os jovens de 25 a 34 anos, mostra a pesquisa Síntese
de Indicadores Sociais, divulgada ontem pelo IBGE.
PEDRO SOARES - FSP
De 2002 a 2012, a proporção da chamada "geração canguru" --jovens nessa faixa etária que seguem vivendo com a família-- passou de 20% para 24% no Brasil.
Na divisão entre os sexos, os homens são maioria: 60% ante 40% de mulheres.
Os motivos que levam os "cangurus" a continuarem com os pais vão do alto custo de moradia nas grandes cidades à decisão de prolongar os estudos e de adiar o casamento.
Pelos dados do IBGE, esses jovens estão menos ocupados do que média, mas têm uma escolaridade maior.
TRABALHO E ESCOLA
A taxa de ocupação dos "cangurus" é de 91,4%, abaixo da média de 93,7%. Mas eles têm quase um ano de estudo a mais do que a média nacional --10,8 anos na escola, ante 9,9 anos da média.
"Não há uma diferença muito grande na ocupação, que se mantém num patamar muito elevado. Mas há claramente uma escolaridade mais elevada. Isso indica que, enquanto estão estudando, os jovens ficam com os pais", explica Ana Lucia Saboia, coordenadora da pesquisa.
Para Márcio Salvado, economista do Ibmec, como o nome "canguru" sugere, os pais "carregam" por mais tempo os filhos e isso é possível graças ao aumento da renda e a novos padrões familiares.
CONSUMO
Ana Amélia Camarano, demógrafa do Ipea, afirma que esse fenômeno é comum a muitos países e cresce de acordo com a expansão da renda per capita.
Está ligado, segundo ela, a uma sociedade mais "liberal" e "afluente", na qual o consumo ganha espaço.
Antes, os jovens tinham um anseio maior para sair da casa dos pais, o que não acontece hoje, segundo ela, porque há uma liberdade maior na casa da família, até mesmo na questão sexual.
Ao viverem com os pais, os jovens não gastam com moradia, alimentação e contas de serviços públicos.
Assim, destinam seu rendimento para consumir.
"As necessidades de consumo hoje são muito maiores. O jovem precisa ter seu carro do ano, o smartphone de última geração e a melhor roupa para ir à balada", diz Camarano.
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