STF começará a julgar tunga da banca
O Morgan fez um acordo de US$ 13 bi, mas em Pindorama a banca espera que o tribunal lhe dê um refresco
O Morgan fez um acordo de US$ 13 bi, mas em Pindorama a banca espera que o tribunal lhe dê um refresco
Elio Gaspari - FSP
Só pode ter sido coisa de São Judas Tadeu, o padroeiro do desesperados. Exatamente uma semana antes do início do julgamento das vítimas dos planos Bresser (1987) e Verão (1989), marcado para quarta-feira, o banco JP Morgan fez um acordo com o governo americano aceitando pagar US$ 13 bilhões aos clientes que lesou vendendo-lhes papéis tóxicos antes da quebradeira de 2007.
Só pode ter sido coisa de São Judas Tadeu, o padroeiro do desesperados. Exatamente uma semana antes do início do julgamento das vítimas dos planos Bresser (1987) e Verão (1989), marcado para quarta-feira, o banco JP Morgan fez um acordo com o governo americano aceitando pagar US$ 13 bilhões aos clientes que lesou vendendo-lhes papéis tóxicos antes da quebradeira de 2007.
Há mais de 20 anos, dezenas de milhares de poupadores querem de volta o que perderam. A disputa do JP Morgan com suas vítimas durou sete anos. A dos poupadores brasileiros já dura 27, pois a banca disputa cada palmo na Justiça. Na absoluta maioria dos casos, ela perdeu na primeira e segunda instâncias. No Superior Tribunal de Justiça, perdeu todas. Com exceção de José Antonio Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso, todos os ministros do STF já julgaram casos relacionados com esse avanço sobre o bolso alheio e todos votaram contra a banca.
Com ótimos advogados, os bancos mostraram seu poder de persuasão. Durante o governo Lula, o Banco Central saiu de uma posição de neutralidade e hoje é aliado dos banqueiros no litígio.
O argumento mais recente é o de que o ressarcimento das vítimas criaria um risco sistêmico para os bancos, pois a conta iria a R$ 180 bilhões. A Procuradoria-Geral da República e o Instituto de Defesa do Consumidor, campeão desta batalha, garantem que isso é uma lorota. Sempre é bom lembrar que, se os bancos brasileiros fizessem como o Morgan, fechando um acordo em apenas sete anos, teriam pago algo como R$ 10 bilhões.
De qualquer forma, a contabilidade bancária obriga as casas de crédito a provisionar recursos para cobrir despesas decorrentes de litígios judiciais. Somando-se as provisões feitas pelos quatro grandes bancos privados e públicos, seus balanços informam que elas ficaram em R$ 11 bilhões. Se um cliente desses bancos provisionasse R$ 11 mil para se proteger de um risco de R$ 180 mil, o gerente que lhe desse crédito iria para a rua.
"Risco sistêmico" tornou-se uma expressão tóxica. Quando a banca americana estourou as finanças mundiais surgiu uma frase para explicar a necessidade de socorro às grandes casas. Cada uma delas seria "too big to fail" ("muito grande para quebrar"). Como o comprimento das saias, os jogos de palavras mudam ao sabor dos tempos. Recentemente, Judiciário e os órgãos reguladores dos Estados Unidos começaram a apertar os parafusos da fiscalização, e um promotor jogou uma nova expressão na roda, dizendo que nenhuma instituição deve acreditar que é "too big to jail" ("muito grande para acabar na cadeia"). Em 2007 o Morgan poderia ser "too big to fail", mas em 2014 seus diretores perceberam que não eram mais "too big to jail". Preferiram admitir que agiram mal e pagaram a maior indenização de todos os tempos à boa Viúva americana.
Fica na fila a agência de avaliação de riscos Standard &Poor's, que dava boas notas para instituições quebradas. Ela tentou um acordo de US$ 100 milhões, mas o governo quer a confissão do erro e mais de US$ 1 bilhão.
A MALDIÇÃO
Fechou-se o ciclo dos 50 anos da morte de Kennedy.
Em 1941 o patriarca Joseph e seus nove filhos atravessavam o Atlântico num navio de luxo e ele incomodou-se com as preces de um rabino que orava em voz alta com um grupo que fugia da Alemanha. Queixou-se ao capitão, e o religioso rogou uma praga em cima de sua descendência.
Dois de seus filhos morreram em acidentes aéreos (Joseph Jr. e Kathleen). Outros dois, assassinados (John e Robert). Salvo Robert, todos desafiaram situações de perigo, no estilo da família.
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