sábado, 30 de novembro de 2013

O crédito ainda alimenta o consumo e a alta de preços 
O Estado de S.Paulo
Um dia depois de ter anunciado uma nova alta dos juros básicos para conter a inflação, o Banco Central (BC) divulgou seu novo relatório mensal de política monetária e operações de crédito do sistema financeiro. Os dois temas estão relacionados, porque a expansão dos financiamentos, especialmente às pessoas físicas, tem sido um dos principais combustíveis do aumento de preços ao consumidor. Em outubro, segundo o relatório, o estoque total de crédito do sistema financeiro aumentou 0,5% e chegou a R$ 2,61 bilhões, 55,4% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado. A proporção foi pouco menor que a do mês anterior, 55,5%, mas bem maior que a de um ano antes, 52,4%. O aumento de 1,2% na carteira de pessoas físicas explica o crescimento do crédito acumulado nas instituições financeiras.
No mesmo dia, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou os detalhes do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) de novembro. O aumento do indicador geral passou de 0,86%, em outubro, para 0,29%, neste mês, freado pela menor variação dos preços no atacado (apenas 0,17%, depois de 1,09% no mês anterior). Mas a alta de preços ao consumidor, também componente do IGP-M, acelerou-se de 0,43% para 0,65% e acumulou variação de 5,55% em 12 meses. A maior parte das pesquisas tem apontado aceleração dos aumentos no varejo.
Parte da explicação da persistente alta de preços ao consumidor está no crescimento constante do crédito. Além dos dados sobre variação do estoque acumulado na carteira dos bancos, o BC divulgou também a evolução mensal das operações. De setembro para outubro o total das operações aumentou 4,7%.
Os empréstimos às famílias cresceram 5,7%, depois de diminuir 3% no mês anterior, com variação de 5,6% no crédito pessoal, 5,8% no cartão de crédito à vista, 14,2% nas compras de veículos, 5,6% nas operações com imóveis e 4,5% no crédito rural. Os desembolsos para pessoas jurídicas haviam aumentado 1,5% em setembro e cresceram 3,8% no mês passado.
Embora tenham mostrado maior cautela durante alguns meses, os consumidores parecem ter recobrado a disposição de se endividar e gastar. Como a capacidade produtiva da indústria pouco se expandiu neste ano, por causa da insegurança do ambiente econômico, o descompasso entre a demanda de consumo e a oferta de bens deve continuar alimentando a alta de preços ao longo dos próximos meses.

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