Reinaldo Azevedo - VEJA
Ah, fazer o quê? Às vezes, até Dilma Rousseff pode estar quase inteiramente certa — e já direi qual é a minha restrição. Quando está, é o caso de vir aqui e dizer: “Está”. Assim como, por contraste, descasquei o seu secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que resolveu dar piscadelas para arruaceiros. Leiam o que informa Folha. Volto em seguida:
*A presidente Dilma Rousseff qualificou de “fascista” a série de ações violentas que tem ocorrido em manifestações por todo o país. Dilma defendeu nesta sexta-feira (1º) uma ação unificada entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário para combater ações de vandalismo em protestos, como as que têm sido protagonizadas por grupos como os “black blocs”. “Somos a favor de manifestações pacíficas. Mas devemos repudiar integralmente o uso da violência nessas manifestações. Não podemos aceitar pessoas tampando o rosto, destruindo o patrimônio público e machucando os outros. Essas pessoas não são democráticas”, afirmou a presidente.
As declarações foram dadas em entrevista às rádios Metrópole FM e Tudo FM, de Salvador. A presidente desembarcou na manhã desta sexta-feira na capital baiana para participar da inauguração da Via Expressa Baía de Todos os Santos, que vai ligar o porto de Salvador à BR-324, principal saída da cidade. Na entrevista, Dilma afirmou ainda que “nós temos de nos responsabilizar para não deixar que a democracia no Brasil se confunda com esse tipo de ação violenta e bárbara”. “Fascista”, disse em seguida o jornalista que a entrevistava. “Fascista”, repetiu a presidente.
(...)
ComentoTanto a presidente como os jornalistas precisam parar de chamar de “fascista” tudo aquilo de que não gostam. Por conta da hegemonia que as esquerdas exercem na imprensa e nos meios culturais, “fascismo” virou sinônimo de tudo o que não presta — e o fascismo, é bom deixar claro, é uma das coisas que não prestam. Mas não pode ser evocado assim, indiscriminadamente.— Quer pizza de aliche?
— Ah, não, aliche é fascista demais para o meu estômago!
— Ah, não, aliche é fascista demais para o meu estômago!
Ou:
— Nossa! Estou com um sapato fascista!
— Como assim?
— Está fazendo bolha no meu pé.
— Nossa! Estou com um sapato fascista!
— Como assim?
— Está fazendo bolha no meu pé.
Ou ainda:
— Arrume o seu quarto. Está uma bagunça!
— Ah, pai, que coisa fascista!
— Arrume o seu quarto. Está uma bagunça!
— Ah, pai, que coisa fascista!
Notem: fascismo e socialismo têm a mesmíssima origem, com diferenças de acento. Nem entro agora nessas minudências. Ocorre que Dilma não deve achar isso. Prefere o pensamento convencional, que é mais ideologia do que história: “fascismo = direita”; “socialismo = esquerda”. Assim, dados os parâmetros da presidente, cumpre observar que boa parte da pancadaria está sendo promovida por grupos de esquerda, não de direita. Liberais, por exemplo, são, direitistas — quando a palavra não é tomada como ofensa. Alguém já os viu por aí a interditar avenidas, pontes, viadutos? Acho que não!
Sim, a prática dos arruaceiros lembra gangues fascistas que se manifestaram ao longo da história, mas também remetem às gangues comunistas. Então ficamos assim: é coisa de gente que não reconhece a democracia como um valor inegociável, seja com que viés for. Uma coisa é certa: TODOS OS QUE BOTAM PRA QUEBRAR HOJE SE DIZEM DE ESQUERDA E QUEREM NÃO SÓ FIM DO LIBERALISMO, COMO OS FASCISTAS, MAS O FIM DO CAPITALISMO. Sei que é tarefa grande demais pra eles, mas cada louco com a sua convicção, não? Se Dilma quiser fazer um acordo, fecho com ela assim: TRATA-SE DE FASCISMO DE ESQUERDA!
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