Deficit soma US$ 7,1 bi, com alta dos gastos de turistas no exterior e resultado negativo da balança comercial
Para BC, quadro não preocupa, já que as reservas internacionais do país cresceram nos últimos anos
MARIANA SCHREIBER - FSP
Depois de um alívio em setembro, o deficit nas trocas de bens, serviços e rendas do país com o exterior voltou a crescer em outubro e bateu recorde para o mês, somando US$ 7,1 bilhões.
O valor ficou acima da expectativa do BC e superou em 31% o resultado de um ano atrás. No acumulado em 12 meses, o deficit representa 3,67% do PIB, maior proporção desde março de 2002.
O crescimento do deficit no mês refletiu uma piora na balança comercial, que voltou a ficar negativa em outubro, e uma expansão dos gastos dos brasileiros com viagens internacionais e aluguel de equipamentos, especialmente no setor de petróleo e gás.
O aumento do deficit torna o país mais dependente de poupança externa e, portanto, mais exposto às turbulências mundiais. No ano, o deficit é de US$ 67,5 bilhões.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, disse, porém, não considerar o quadro preocupante.
Na sua avaliação, o Brasil está numa situação muito mais "robusta" do que há dez anos, quando as reservas internacionais não chegavam a US$ 50 bilhões. Hoje, somam US$ 377 bilhões.
O BC tem usado recursos das reservas para garantir a oferta de dólares no mercado por meio de empréstimos, evitando assim a disparada da cotação da moeda.
INVESTIMENTOS
Os investimentos produtivos feitos por estrangeiros no país somaram US$
5,4 bilhões, valor elevado, mas insuficiente para compensar o rombo na
troca de bens, serviços e rendas.
Esses fluxos, direcionados à compra de participação em empresas ou empréstimos intercompanhias, são menos voláteis que os investimentos financeiros (em títulos públicos e ações) e por isso são considerados a melhor forma de financiar o deficit.
No ano, o chamado investimento estrangeiro direto soma R$ 59,1 bilhões.
Os recursos destinados a títulos de renda fixa, que vinham crescendo nos últimos meses após a retirada do imposto cobrado sobre investimento estrangeiro nessas aplicações, recuaram fortemente em outubro, com a entrada de US$ 196 milhões.
No ano, o saldo ainda é positivo em US$ 28 bilhões, mas os dados parciais de novembro mostram uma saída de US$ 1,5 bilhão. Para Maciel, o movimento é "normal", após a forte entrada dos meses anteriores e não reflete uma piora do otimismo dos investidores com o Brasil.
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